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FOLHA BERLINENSE AGUARDANDO APROVAÇÃO DO PET DUDU

Aqui em casa assinamos a Folha de S. Paulo impressa. Temos também a versão eletrônica, instalada nos celulares. Na editora assinamos o jornal Valor Econômico - útil e necessário - e também a versão eletrônica de O Globo. Ficaram pra trás: Revista Veja, Isto É, Placar, Jornal da Tarde, Revista Superinteressante e Outras. A Folha de hoje, de 1º de setembro de 2.024, veio impressa no formato berliner (Berlinense, 31,5 cm por 47 cm), fácil de manusear, caderno único, simpático, seguindo tendência quase que mundial, adotada pelos jornais franceses Le Monde e Le Figaro, o Guardian britânico, o Expresso português, os italianos Corriere della Sera e La Stampa, e os alemães Die Welt e Tagesspiegel. No Brasil, no formato berliner, os jornais: O Estado de S. Paulo, O Povo (CE) e Gazeta do Povo (PR). Em termos de tamanho, nasceu para ser um intermediário entre os formatos standard e tabloide. Lendo nota sobre o formato standard fiquei sabendo algo que não sabia sobre o formato standard: "Na época, os impostos sobre os jornais eram cobrados por página, e os ingleses adotaram formatos enormes para pagar menos". Na página A 28, da Folha, matéria sobre os 25 marcos da evolução da Folha ao longo de 103 anos: a primeira edição em 1921, surgimento do personagem Juca Pato, do cartunista Belmonte, em 1925, a unificação dos nomes da Folha da Manhã, Folha da Tarde e Folha da Noite, em 1960, primeira edição em offset, em 1968, inicio do Datafolha, em 1983, criação do cargo de Ombudsman, em 1989 e os 100 anos do jornal, em 2021. Como nada é “unânime” aos olhos da cara, listei três desagrados: corpo de letra menor, tamanho 11 para 10,5, caderno de esportes ruim, como sempre, e falta de um sumário dinâmico, na primeira página. Listei, ainda, um quarto item, ainda em análise, aguardando aprovação ou não, pelo Pet Dudu, um Fox Paulistinha, de 6 anos. Mostrei o exemplar do Berlinense  e ele o ignorou, virando o focinho para a porta da rua, possivelmente em protesto. "Toda unanimidade é burra!" já dizia o escritor Nelson Rodrigues. 

João Scortecci


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A HISTÓRIA DO AERO WILLYS DE MATAR DO CORAÇÃO

Não sei o que é pior: morrer do coração ou matar alguém do coração. Morre-se! No ano de 1971, pegar um taxi na cidade de Fortaleza era o máximo: um luxo! Fazíamos tudo a pé ou de Rural. Naquele dia estava com a mesada no bolso e precisava chegar ao IBEU - Instituto Brasil - Estados Unidos, num piscar de olhos. Tinha exame de inglês e estava atrasado. Do portão de casa avistei um taxi branco, um Aero Willys, novinho em folha, dando sopa do farol da esquina. Não tive duvidas: corri e entrei, com um pulo esperto, no banco de trás do taxi. Gritei - apressado - para o condutor do "carrão", um senhor de idade, gordo, cabelos brancos e óculos fundo de garrafa: “Toca urgente para o IBEU!” Não satisfeito, cutuquei suas costas com o dedo indicador. O senhor, assustado, levantou os braços e apagou, desmaiando, em cima do volante do Aero Willys, disparando a buzina. Fiquei ali, parado, inerte, apavorado. Um casal aproximou-se da janela do carro – aberta, o calor era infernal – e perguntou-me: “O que aconteceu?” Desmaiou, acho. Respondi. Juntou gente. Vizinhos.E até um tetél, carro de Rádio Patrulha. Tiraram o senhor do carro e o colocaram sentado, numa banquinho de madeira, no portão da casa da Familia Biasoli. Estava consciente - transpirava feito um porco - e depois de alguns minutos acordou, de vez. Olhou-me nos olhos e perguntou: “Foi você que fez aquilo?” Quis saber. "Sim!" Respondi, balançando a cabeça. “Eu não sou taxi!” Disse-me, apontando o dedo para o teto do Aero Willys, abandonado, de portas abertas, no meio da avenida D. Manoel, quase esquina com a avenida Duque de Caxias. “Você entrou no carro errado!”.  Gritou. Sem saber o que responder, justifiquei-me: “E eu não sou assaltante!”. 

João Scortecci             


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LIVRO DAS MENTIRAS E DA SALVAÇÃO

Livro de autor aflito é tortura. Novato, então: um desespero só. Pior que tudo: quando o livro é o nosso. Muito sofrimento. Entregamos o livro – quase – pronto, com a promessa de depois – antes de liberar para a gráfica –dar uma olhada final, uma arredondada. Mentira! Quando o livro volta da diagramação, já no boneco, bate aquele desespero mortal. Transpiração! Muda aqui, muda acolá, muda, muda. Jura que escrevi isso? Mexeram no meu arquivo? Doideira. Uma vez copiei o arquivo do livro já diagramado no “Bloco de notas”, depois de volta para o "Word" e reescrevi tudo. Livro novo? Sim. Aquele outro vai ficar para depois. Menti. Já que era outro livro, aproveitei e troquei também o título. Tenho um arquivo só com títulos, ideias e rascunhos. Vez por outra vou lá e trabalho – aleatoriamente – num deles. Qual? Um deles. Mil anos: é o tempo de que vou precisar para terminá-los. Mentira. Nós, escritores, somos mentirosos e covardes. Vivemos com a cabeça nas nuvens. Quando a coisa aperta, filosofamos com os deuses: a poesia salva! Em 50 anos trabalhando com livros – escrevendo, editando e imprimindo – só conheci um escritor honesto, com os pés no chão. Foi o Zacarias, viúvo, na época com 60 anos, da cidade de Osasco, região metropolitana de São Paulo. Fechou contrato de edição do livro e pediu 30 dias para concluir a obra, um romance policial, algo assim. Voltou na data combinada e sentenciou: “Não consigo terminar o livro! Estou desistindo.”. “Quer ajuda?”, perguntei. “Não, obrigado.” Desistiu. Foi embora feliz. A maioria de nós mente, inventa desculpas, conversa para boi dormir: “estou finalizando”; “falta pouco”; “fazendo ajustes”; “dando a última olhada”; “na revisão”; “no prelo” ... Já escutei de tudo: esse é o meu último livro! Trabalheira. Pergunta: “E sua obra-prima: não vai escrever?” “Chega! Chega!”, mentimos, sempre. Todas as vezes em que começo novo livro lembro do Zacarias, o escritor feliz, calmo, resolvido e mortal. Já disse: a poesia salva!   

João Scortecci    

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IMPRIMIR NO ESPÍRITO: IGUAL E DIFERENTE

Você é capaz de imprimir no espírito? Essa é nova e eu descobri hoje. É possível? Quis saber. Lembrei-me, então, de uma questão dos anos 1972: Qual a cor do amor? E nós - jovens de tudo - respondíamos pelo deus: amor não tem cor! Levávamos o cálice, as hóstias e o silêncio da alma, até o altar da igreja de Santa Cecília. E pronto. “O amor não tem cor!” Era a conclusão final e tudo ficava assim e por isso mesmo. Éramos felizes. E a loucura da flor de plutônio? Sei não. Existe isso? Desisto, de vez. Diga, então: Você é capaz de imprimir no espírito? Talvez. Eu sei transferir - vida e morte - para o papel, sei untar tintas, esfregar grafite nos olhos, riscar beijos na pedra sabão e até riscar versos na areia do mar. E imprimir no espírito: você sabe? Talvez. No passado tudo era mais simples. Bastava acreditar que o amor não tinha cor e pronto. E agora? Complicou. “Imprimir” é verbo transitivo da terceira conjugação e o “ir” é imperativo. Sinto saudade do clichê, do carimbo, da tatuagem do chiclete, do soldadinho de chumbo, das figurinhas carimbadas de futebol, da coleção de tampinhas, das balas de menta, do jogo com bolinhas de gude, das arraias no céu do Ceará e das linhas de cerol. Éramos felizes! E imprimir no espírito? Talvez. 

João Scortecci


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OLHANDO TODAS AS MANHÃS

Oxxo (fala-se: Óquisso) em quase todas as esquinas de hoje! Nada contra. Veio e ocupou-se. Dizem que só na América Latina são perto de 20 mil lojas. Pergunto, por curiosidade: o que vai ser aqui depois de pronto? Um Oxxo. Vez por outra: uma nova farmácia ou ainda mais uma lojinha de capinhas para celular. Fora isso: nada de novo. Observo, desconfiado: o antigamente está desaparecendo. Saudade? Talvez. Descendo a Avenida Rebouças, observo: prédios e mais prédios. Novíssimos! E lojas vazias. Placas de “Aluga-se!”. É a nova Rebouças (André Pinto Rebouças, 1838 - 1898). Outro dia - curioso que sou - li a sua biografia. Engenheiro militar, abolicionista e inventor. Um militar abolicionista que inventou um torpedo - projétil explosivo autopropulsionado que opera debaixo d'água – usado, com sucesso, na Guerra do Paraguai. Desço a Avenida Rebouças, de carro, no silêncio de todas as manhãs, na direção da editora, no bairro de Pinheiros. Faço isso desde 1982. No relógio, pontualmente, 5h45. Prédios novos, lojas maravilhosas e vazias. Eu e uma pequena multidão de apressados, subindo ou descendo a Rebouças, carregando nas costas suas pesadas mochilas. Pergunta: o que será que carregam dentro delas? Tento adivinhar: marmita, tênis, muda de roupa, ferramentas de trabalho, livros e cadernos, tabletes, carregadores? Que mais? Não sei. Um dia descubro. Não consigo diferenciar um dia qualquer do outro. Dias iguais de andarilhos, de mochilas pesadas e lojas vazias. Oxxo meu povo. Oxxo!

João Scortecci



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SCORTECCI EDITORA NA 27ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO 2024

A Scortecci Editora estará presente na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que acontece de 6 a 15 de setembro de 2024, no Distrito Anhembi, São Paulo – Capital. Em estande próprio, na Rua A, número 57, a Scortecci realizará intensa e variada programação. Desde 1994, a Scortecci marca presença nesse que é o maior evento literário e cultural da cidade de São Paulo e do País. Para esta 16ª participação da editora no evento, estão programados: recitais poéticos e leitura de textos literários e lançamentos de centenas de novos títulos de variados gêneros, incluindo infantojuvenis, livros de autoras do Coletivo Mulherio das Letras, Seccional São Paulo, com coordenação de Marina Marino, e antologias literárias, entre elas: Além do Tempo - antologia de poesias, contos e crônicas – volumes 1 e 2; Antologia do 6º Prêmio Literário AFEIGRAF 2024, com a presença de autores vencedores; Mulheres e suas Versões, antologia coordenada por Nina Kuznetzow; A Coragem de Escrever das Escritoras Brasileiras, antologia organizada pela escritora Joyce Cavalcante, Selo REBRA; Antologia Poetrix 9 – 25 anos, da Academia Internacional Poetrix; Carolina Maria de Jesus – Uma história narrada por crianças e jovens, antologia coordenada por Shirlei Pio Pereira Fernandes; Antologia de Contos, Poemas e Crônicas Regionais da Nova Alta Paulista – Poemas musicados, comentados e cifrados, organizada por Izabel Castanha Gil e Eunice Ladeia Guimarães Amaro. Destaques para a comemoração do aniversário de 42 anos da Scortecci Editora, no dia 7 de setembro, sábado, das 19h às 21h, com Recital poético e leitura de textos literários, com a coordenação da escritora Maria Mortatti; e no dia 14 de setembro, sábado, das 19h15 às 20h45, o Recital Poético 500 anos de Camões, com leitura de textos do escritor português, com a coordenação da escritora Carmem Teresa Elias.

Programação completa disponível em: https://www.bienaldolivro2024.com.br

Mais informações com Dayse Silva: (11) 97548-1515.

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FEIJOADA DE CUMBUCA E O RESTAURANTE STAR CITY

Feijoada boa é a de cumbuca! Aquela com surpresas na colher: rabo, orelha, pé, lombo, carne seca e feijão. A primeira feijoada a gente nunca esquece. Foi em 1969, no Star City, da Rua Frederico Abranches, 453, em Santa Cecília. A casa não existe mais, fechou, depois de 70 anos, no início do ano de 2024. Na época papai Luiz havia comprado um apartamento no número 355, onde planejava, então, realizar o sonho de enviar seus 4 filhos: Luiz, José, João e Ana, para morar em São Paulo e estudar no Mackenzie. O Star City era uma casa “recomendada” pelo Guia 4 Rodas. “Aqui do lado!” Alguém disse. Naquela época ainda não residia em São Paulo, somente o Luiz, irmão mais velho, já falecido. O José Henrique, irmão do meio, veio em 1970, Eu, caçula, em 1972 e a Ana Cândida, a irmã, em 1979. Revisitei o restaurante Star City em março de 1972, recém chegado em São Paulo, e de lá pra cá, tornei-me freguês assíduo, um comedor de feijoada de cumbuca. Tinha mesa “preferida” e amizade com os donos e os garçons da casa. Hoje mexendo no arquivo de fotos encontrei uma do Star City, ao lado de um dos proprietários da casa, o queridíssimo Milton Buzzo. A foto é de 2018. Detalhe importante, marca da casa: Jarra de aço, no balcão, ao fundo, moída até a boca, com caipirinha de limão. Sorte que morávamos perto, logo ali, alguns metros de distância, aos olhos de Santa Cecília, padroeira dos músicos e santa protetora dos apaixonados por feijoada de cumbuca.  

João Scortecci

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“OLHAR PRA DENTRO” NO SOL ESCALDANTE DO CEARÁ

" Olhar pra dentro" foi o que escutei hoje na rádio CBN, do premiadíssimo diretor de cinema e roteirista cearense Karim Aïnouz (1966 -     ), falando sobre o seu novo filme "Motel Destino" que se passa num motel de beira de estrada no litoral cearense. “Motel Destino” tem tudo para ser um dos grandes sucessos do cinema brasileiro. Com um elenco talentoso (Iago Xavier, Nataly Rocha, Fábio Assunção e Outros), uma história intrigante e uma estética impecável, o filme promete incendiar as telas com uma história de desejo, violência e fuga. Quando deixei o Ceará, isso em 1972, Aïnouz, filho de mãe cearense e pai argelino, era uma criança de 6 anos de idade. Soube de Karim em 2002, quando do lançamento de “Madame Satã”, filme protagonizado por Lázaro Ramos, obra que retrata a vida do artista e transformista João Francisco dos Santos (1900 – 1976), marginal da Lapa carioca da primeira metade do século XX, o Madame Satã. Na lista de filmes de sucesso de Karim Aïnouz: Madame Satã, O Céu de Suely, Praia do Futuro e A Vida Invisível. Karim Aïnouz iniciou sua carreira no cinema como co-roteirista de filmes nacionais, como Abril Despedaçado (2001) de Walter Salles, Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes, e Cidade Baixa (2005), de Sérgio Machado. Na entrevista da rádio CBN, com os âncoras Tatiana Vasconcellos e Fernando Andrade, de 13 de agosto de 2024, Karim, inteligentíssimo, disse-nos: Motel Destino é um filme para "Olhar pra dentro", no silêncio de todos nós, cearenses, perdidos, achados, sofridos, recolhidos e encontrados, mundo afora. Algo assim.

João Scortecci


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UMA FAÍSCA NO TEMPO SEM VOLTA

Vez por outra - basta uma faísca de olho, cheiro, gosto e vento – que lembramo-nos de alguém, do passado. Onde será que anda fulano: estaria vivo ou morto? Hoje - com a Internet e as redes sociais - brincar de “busca” até que é fácil e divertido. Outro dia - navegando, do nada - encontrei um garoto da minha cruel e doce infância no Ceará. Isso nos anos 1960. Gostava dele. Fiz contato e ele, então, passou-me, desconfiado, o número do seu celular. Liguei no ato. Foi triste saber que ali nada mais existia de nós. Um estranho. Em segundos percebi que não deveria ter ligado. Lembrei, lembrei, falei e nada. Nada o fez voar junto. Nem do chão saiu. Ele havia se esquecido de tudo: até dos nossos melhores pecados. Lembra? Não. "O que você quer?" Quis saber. Disse-lhe: nada! Desliguei-me, então. O tratante era, até então, um amigo de sangue. Abri o álbum de fotografias - com o melhor da nossa infância - e lhe cortei os pulsos. 

João Scortecci  


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DRUMMOND E O DIA 13 DE MAIO DE 2012

O poeta Drummond, antes do sol, e aos olhos do tempo, ligou-me, tristonho, reclamando da vida, assim que soube do que fizeram com sua estátua da orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Estava deprimido e chutando pedras. Estava travestido de “José” e vazio, vencido pelo vasto mundo que é a vida. Pobre poeta Drummond. Falou-me de Itabira - quase nada - da sua terra natal, da sua infância, dos amigos que se foram e das pedras agudas que habitam a imortalidade. “Drummond, o que aconteceu?” Perguntei-lhe. “Roubaram-me os óculos”. Disse-me. Assim não consigo ver as palavras, os amores, o sentimento do mundo... Senti sua dor. “Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.” Resmungou. No silêncio do claro enigma, poetamos perdas. Depois, desligou o telefone e partiu – veloz - a galope. 

João Scortecci


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BIENAL DO LIVRO: COBRA GIGANTE, PEDAÇOS DE MELÃO E LIVROS!

Da Bienal Internacional do Livro de São Paulo de 1994, realizada no Parque do Ibirapuera, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, participei uma única vez, a última, antes de o evento mudar de local. A Bienal do livro de São Paulo, acontecimento realizado a cada dois anos, nos anos pares, acontece desde 1970, pelos espaços do Ibirapuera, do Anhembi, Expo Center Norte, São Paulo Expo e agora, depois de 54 anos, novamente no Anhembi, reformado e ampliado. Em 1994, decidi participar pela primeira vez, de uma bienal do livro. A Scortecci Editora tinha, na época, 16 anos de funcionamento, e a oportunidade era, sem pensar muito, um ato de loucura. Comprei o espaço no último dia possível. Olhei a planta do evento – um labirinto – ou melhor, um caracol, obra do arquiteto Niemeyer, no coração do parque, com 40 mil m² de área e 250 m de extensão. “Uma cobra gigante?”, comentei. “Isso mesmo: o público entra pela boca da cobra e sai pelo rabo”. Foi o que me disseram. Risos. “Formato de cobra?”, quis saber, por curiosidade. “Isso. A ideia é simples: fazer com que o público caminhe, obrigatoriamente, passando por todos os estandes!” Foi o que um diretor da Câmara Brasileira do Livro, entidade promotora do evento, explicou-me. "Um curral!", pensei. Nas entranhas da planta, no meio do corpo da cobra gigante, num vão, embaixo da rampa de acesso ao piso superior, localizei um espaço livre, de 20 m². “Quero este!”, apontei com o dedo. Na verdade, era o último espaço disponível. Fiz o cheque. Fui embora feliz, radiante, mordendo as orelhas de alegria. "Eu estou na Bienal do Livro!", gritei. Era uma sexta-feira, final de tarde. No sábado, acordei matutando e pensando na loucura que havia feito. Pensei: dei o passo maior que as pernas. E o pior: comecei a desconfiar do espaço. No domingo, tive um pesadelo terrível: uma cobra gigante estava me comendo, vivo, pelos pés! A ficha, então, caiu: um espaço maravilhoso, no meio da cobra, dando sopa? Algo estranho. Certeza: caí numa roubada. Juro: pensei em cancelar a compra e depois pular no laguinho do Parque do Ibirapuera. Manchete: "Editor afoga-se no laguinho do Ibirapuera". Algo assim. Guardei a cisma e fui, então, à luta. De lá pra cá, já participamos de 15 edições da Bienal Internacional do Livro de São Paulo e, ainda, tivemos uma participação no 1º Salão do Livro de São Paulo, em 1999, e outra, durante a pandemia da Covid-19, na 1ª Bienal Internacional Virtual do Livro, em 2020. Em 1994, no final do primeiro dia do evento, um sábado, tudo havia transcorrido maravilhosamente bem. Deixei o espaço feliz, radiante, pisando nos cascos, pronto para a maratona de dez dias de Bienal. No segundo dia, um domingo, fui um dos primeiros a chegar ao pavilhão do Ibirapuera. Passei pela cabeça da cobra – local onde estavam as grandes editoras – e mirei o meu destino: chegar até o vão livre, embaixo da marquise, da rampa de acesso ao piso superior, onde estaria, então, o estande da Scortecci. Estava lá. Contemplei, de longe, os livros perfilados nas estantes de madeira, num total, aproximadamente, de uns 300 títulos. Parei na entrada do estande e gritei: “Não! Não!” Alguém da segurança me aguardava, sentado numa bancada. “O que aconteceu aqui?”, perguntei. O segurança apontou para o mezanino e disse, calmamente: “Sabia que lá em cima funciona um restaurante self-service?”. “E eu com isso?”, protestei. Cenário: os livros da Scortecci estavam sujos – emporcalhados – com restos de comida. Alguém “varreu” e jogou a sujeira rampa abaixo, explicou-me o segurança. Na estante principal, central do estande, onde havia arrumado os lançamentos do ano, um troféu inesquecível: pedaços de melão. Fui reclamar e o que eu escutei, até, hoje, dói nas tripas: “A noite você precisa cobrir as estantes com os livros com um plástico!” Deveria? Escutei a "recomendação" de um diretor, de plantão. Isso, talvez, explique a fama que tenho, até hoje, depois de 30 anos de bienais, de reclamar, sempre, sistematicamente, de alguma coisa. Virou folclore! Respondo com o coração: "Não gosto de melão e tenho medo de cobra!".  

João Scortecci     

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SCORTECCI EDITORA - EDITANDO, IMPRIMINDO E COMERCIALIZANDO LIVROS DESDE 1982

 A Scortecci Editora é uma editora laureada com mais de 40 anos no mercado editorial brasileiro. Edita, imprime e comercializa livros em pequenas tiragens desde 1982. São mais de 11 mil títulos publicados em primeira edição através dos selos editoriais: Scortecci Editora, Fábrica de Livros e Pingo de Letra (infantil). 

É associada das entidades do livro: CBL (Câmara Brasileira do Livro), Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros). 

Possui gráfica própria com tecnologia digital, acabamento de qualidade, sofisticado controle de vendas online e central de logística com infraestrutura completa para atender pedidos de qualquer lugar do Brasil.

Recebeu os prêmios: Jabuti (Câmara Brasileira do Livro), APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), FBN (Fundação Biblioteca Nacional), ABL (Academia Brasileira de Letras) e PEN Clube. Foi finalista do Prêmio Jabuti por mais sete vezes nas categorias: poesia, contos, reportagem e adaptação.

Desde 1994 a Scortecci marca presença na Bienal Internacional do Livro de São Paulo com estande próprio e programação intensa. Foram quinze participações, de 1994 a 2024, mais uma participação no Salão do Livro de São Paulo em 1999 e outra na 1ª Bienal Internacional Virtual do Livro em 2020.

Fazem parte do Grupo 

Editorial Scortecci: Scortecci Editora, Gráfica Scortecci, TV Livro, Fábrica de Livros (plataforma para autopublicação), Print on Demand (serviço de impressão para editoras), Portal Amigos do Livro, Portal do Escritor, Blog Revista do Livro, as livrarias Scortecci, Pingo de Letra e do Mercado, e Espaço Scortecci, local para lançamentos de livros, exposições, palestras, workshops, cursos, treinamentos, reuniões e saraus.

Mais que livros, imprimimos emoções!

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VI E NÃO VI

Vi e não vi a ponta aguda dos dedos. Sei que do nada: lá estava tudo. Pés! O que esperava chegar ou partir e também o que não aguardava nunca. Esperas tardias, adiadas, não agendadas. Não foi surpresa dar-me ao mar. Gosto dele. Não podia ser isso ou aqui, além de ondas, areias e brisa. Vejo o sal, estrela de pontas e conchas. Todas existências. De repente o vazio. O tudo esperado do algo. Um imenso segredo do breve, talvez. Veloz, único e absoluto olhar. Vi e não vi: versos e brevidades! Círculo fátuo de velas no horizonte do longe. Espírito de Iemanjá: ou a sombra de um pássaro do céu? Passou. Passou e foi morrer no caminho, distante. Foi assim: fagulhas, linhadas, agulhas, flechas e setas. Foi assim: luas do signo de leão. Um resfolegar de gozo e dor. E depois: deltas. Águas de banho, de cheiro e flores. Gritei: Quem nos olha somos nós! Silêncio. Pensei, então: ecos de quimeras! Trilhas? Talvez. Meus heterônimos estão ferozes. Isso passa. Isso volta. Isso acontece, sempre. Dias tristes, dias alegres, dias iguais e sempre. Vi e não vi.  

João Scortecci

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GAZZETTA: MOEDA VENEZIANA E A GAZETA DA RESTAURAÇÃO

“Gazeta” ou “gazzetta” – no dialeto veneziano, “gaxeta” – é o nome de uma moeda de prata da Sereníssima República de Veneza, no valor de dois centavos, do século XVI. O nome vem de empréstimo. Havia um título de 0,948 gramas e um peso de 0,24 gramas. No anverso, estava a figura do Juiz sentado e, no reverso, a do Leão de São Marcos. Foi emitida a partir de 1539, durante o governo do Doge Pietro Lando (1462 – 1545). Foi cunhada com esse peso até 1559. Em 1563, foi publicada a primeira “folha de avisos”, uma folha de notícias vendida ao público pelo preço de dois centavos. A partir de então, tornou-se um epíteto – palavra ou expressão que se associa a um nome ou pronome para qualificá-lo – para jornal, tipo específico de publicação periódica, quando os primeiros jornais venezianos custavam uma gazeta. O primeiro jornal em português, “A Gazeta da Restauração” (formato 14 x 20 cm, 12 páginas) foi fundado em 1641, pelo alvará régio concedido ao poeta, impressor e livreiro Manuel de Galhegos (1597 – 1665), um ano depois de Portugal recuperar a independência, em 1º de dezembro de 1640. Serviu de instrumento de propaganda de D. João IV (1604 – 1656), apelidado de “O Restaurador”, para consolidar o poder e combater os “feitos” dos espanhóis, durante longos 60 anos enraizados no espírito do povo português, principalmente entre a nobreza. Entre 1580 e 1640, a linha fronteiriça que separa a Espanha de Portugal deixou de existir, e os dois países formaram um só reino, chamado de União Ibérica. A primeira edição de “A Gazeta da Restauração” teve a marca tipográfica da Oficina de Lourenço de Anveres, sediada em Lisboa. As oito seguintes publicações foram impressas na tipografia do jornalista Domingos Lopes Rosa, com a redação de João Franco Barreto e depois do frei Francisco Brandão. “A Gazeta da Restauração” ganhou, ainda, uma nona edição, a última, em julho de 1642. Em 19 de agosto de 1642, por força de uma lei, foi proibida sua impressão e de todas as gazetas com notícias do reino ou de fora, com a seguinte argumentação: “Em razão da pouca verdade de muitas e do mau estilo de todas elas”.

João Scortecci

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EM CISMAR - SOZINHO - À NOITE, ONDE CANTA O SABIÁ

O poeta e acadêmico Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864), autor do poema “Canção do exílio”, morreu aos 41 anos de idade, em um naufrágio do navio Ville Bologna, na baía de Cumã, município de Guimarães, no estado do Maranhão. Gonçalves Dias foi um ávido pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro. Formou-se em Direito (Coimbra, Portugal), retornando ao Brasil em 1845, após bacharelar-se. No exílio escreveu o imortal poema “Canção do Exílio”: “Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar – sozinho – à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras; Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho – à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que eu desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.” O verso mais bonito - no meu entendimento - de "Canção do Exílio" é desconhecido da grande maioria: “Em cismar - sozinho - à noite”. Ficar absorto em pensamentos – na solitude, no isolamento voluntário - e ser devorado pelo canto do sabiá. Hoje, 10 de agosto, aniversário de nascimento do poeta. Sua canção do exílio, vez por outra, habita, insistentemente, no meu “cismar”. E, no coração da noite, naufraga em Cumã, no exilo do poeta de mim mesmo. 

João Scortecci


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SOLITUDE NA IDADE DO LOBO

Solitude - estado de isolamento voluntário e positivo - serve para um monte de coisas. Serve até para curar solidão. Um amigo, na idade do lobo, na casa dos seus 40 anos de idade, comunicou-me: “João, vou tirar um período sabático!”. Perguntei-lhe, então: “Profissional ou pessoal?”. Ele não respondeu. Na verdade demonstrou confusão mental. “Existe diferença?” Quis saber. “Existe!”. Respondi. Minha pergunta - desavisada de tudo - mexeu com os seus miolos de lobo. Mudei, então, de estratégia, tentando salvar o amigo do engodo filosófico: “Período sabático aos 40 anos?”. Perguntei-lhe. “E tem época certa?”. Insistiu, com cara de assustado. “E agora?” Pensei. “O que está acontecendo com você?” Insisti. Ele baixou a cabeça - envergonhado, talvez - e sussurrou-me traços de sua dor: “Fui demitido do emprego e a minha mulher trocou-me por outro!”. Silêncio. “Lamento muito!” Disse-lhe. Ele, então, quis saber: “Período sabático atende os dois casos: profissional e pessoal?”. Respondi: “Acho que não!”. “Por que você não aproveita e curte um período de solitude temporária?” Sugeri. “Existe isso?”. “Existe”. Menti. Aconselhei-o, então: “No período da solitude temporária você, então, procurar outro emprego, cativa outra paixão e esquece, de vez, esse negócio de período sabático.” Sugeri. “Solitude serve para tudo isso?”. Perguntou-me, surpreso. “Serve!”. “Remédio para um monte de outras coisas!”. Menti, mais uma vez. Acho que o conselho funcionou. O amigo lobo - no melhor dos seus 40 anos - virou as costas e sumiu. Escafedeu-se! Nunca mais soube da sua alma. Ficou a graça: solitude é remédio que cura de tudo. Até dor de corno. 

João Scortecci
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A POESIA DO MATO GROSSO DO SUL DOS ANOS 1984 *

“Em 1984 Movimento dos Escritores Independentes (#MElMS), decidiu levar a poesia de Mato Grosso do Sul a São Paulo, especialmente para a comunidade da Vila Madalena, em que pudemos contar com o apoio e acolhimento do ator e poeta Marley Cunha Filho (de Costa Rica/MS) e outros componentes do seu grupo. Naquele ano fizemos ali, a 27 de agosto, a Noite da Poesia de Mato Grosso do Sul, na Scorteci, Bairro Pinheiros, São Paulo/SP, do poeta e editor João Scortecci, que publicava grande número de livros de novos autores. Existia um clima de esperança de que “algum iluminado descobrisse nossos poetas”. Essa caravana era integrada por: Altair Batista de Oliveira, Hélio Ferreira, Denise Dal Farra, Lidia Duailibi, Antônio Papi Neto, Rachid Salomão, Antônio Dias Ropelli, Ângela Maria Perez, Marluci Brasil de Castro, Guimarães Rocha, Orlando Silvestre Filho, Gutemberg Honorato de Moura, Alex Fraga, Benedito C. G. Lima, Emmanuel Marinho, lsaac David Espinosa, Liliane Massad, Marcos Gouveia, Ivo Marcos, Luis Antônio Torraca, Alaíde Corrêa de Oliveira, Tatyano Miguel Nascimento, Artêmio Sanches, e o músico Toninho Porto. Registre-se: desse trabalho resultou uma coletânea de poesias dos nossos poetas do MEl, uma confecção de grossos livros com espiral, xerocópias. Destaque aí para o trabalho de organização quase artesanal dos poetas Gutemberg Honorato de Moura e Orlando Silvestre Filho.

* Texto do poeta Guimarães Rocha, enviado pelo poeta Orlando Silvestre Filho, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

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TALIA, A EMOCIONADORA DO TAUÁ HOTÉIS

Talia de Andrade, vinte e poucos anos, colaboradora do Grupo Tauá Hotéis, da unidade da Estância Climática de Atibaia, interior de São Paulo é uma “Emocionadora”. Isso mesmo. Enquanto servia um chopp gelado, na beira da piscina do hotel, num raro momento de descanso, entre uma palestra e outro, durante o 2º Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos, evento organizado pela Câmara Brasileira do Livro, de 2 a 4 de agosto de 2023, fotografei o seu “crachá”. Não resisti. Perdão. “O que faz uma Emocionadora?” Perguntei. Ela enrolou-se toda na resposta, mas não perdeu o feitio e nem amarelou com a minha pergunta. Serviu o chopp e então, comoveu-se: “Eu alegro as pessoas!”. Disse. Agradeceu-me, fazendo a saudação do Tauá Hotéis - ato de cruzar o braço direito na altura do coração - e, enternecida, sorriu. Talia, no grego clássico, significa "a alegre, a florescente" e no grego antigo “florescer, ser verdejante”. Coincidência? Talvez. Surpreso? Sempre.

João Scortecci


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VISITANDO SISTINA E O CÉU

No flash. Contato rápido: simples efeito de tocar o céu. Afrescos, Maria Assunta, Conclaves e Histórias. Deus insuflando corpos: indicador da mão direita na direção do que é cria e voa. Na linguagem dos gestos, meus arrepios na capela. Sopro. No flash. Primeiro o queixo na mão. Michelangelo. Depois o olhar através da janela de ferro. Aproximação de labirintos? Talvez. Presença de curvas e dedos. Dos úmidos silenciosos. No flash. Toques e retoques e outros mundos. Retrato de águas? Sandro Botticelli. Novo toque – e outro, agora – no espalho do verso. Encontro de olhares e palavras silenciosas com Deus. No flash. Adiante – muito além – o avesso do imaginário. Um franzir de testa, um sorrir de brevidades e um abraço profundo de chão do tempo. Lágrimas. No flash. A terra gira e o sol olha o céu. Sistina: é você? Rafael, e suas Almas. No flash.

João Scortecci


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OS ESCALDOS DA MITOLOGIA NÓRDICA

“Eddas” é o nome dado a duas coletâneas distintas de textos do século XIII, encontradas na Islândia e que possibilitaram o estudo das histórias referentes aos deuses e heróis da mitologia nórdica e germânica. São partes fragmentárias de uma antiga tradição escandinava de narração oral, que foi escrita em duas recompilações: “Edda Prosaica” ou “Edda de Snorri Sturluson” (historiador, poeta, político e homem de leis, 1179 - 1241) e “Edda em verso” ou “Edda Poética” ou “Edda de Saemund” (padre e poeta islandês, 1056 - 1133). A “Edda Prosaica” é uma coletânea literária religiosa até os anos 1220 ou 1225, contendo também recomendações para poetas, na sua formação no estilo tradicional escandinavo, uma forma de poesia que data do século IX, muito popular na Islândia. Na “Edda em verso” se recompilam poemas muito antigos sobre deuses e heróis da mitologia nórdica antiga, de autores desconhecidos, organizada por autor anônimo. Existem três teorias referentes à origem do termo “Edda”. Para uma delas, essa é uma palavra idêntica à que, em um antigo poema nórdico (“Rígthula”), parece significar "a bisavó". Para outra, “Edda” significa "poética". Para uma terceira teoria, significa "O livro de Oddi", referindo-se ao lugar onde Snorri Sturluson foi educado. A “Edda Prosaica” está dividida em três partes: “Gylfaginning” – Gylfe, um rei mitológico sueco visita os deuses Asses (Æsir) e faz perguntas sobre o começo do mundo, sobre o cavalo Sleipnir, entre outros; “Skáldskaparmál” - abordagem da língua figurada da poesia nórdica e das suas associações ocultas, com numerosas referências à Edda em verso; e “Háttatal” - compêndio de poesia para os poetas escaldos. “Escaldo” era a denominação dada a um poeta ou contador de estórias ou, ainda, um narrador popular de episódios históricos na Noruega e Islândia, na Era Viking (800 - 1050 d.C.). A esses poetas se devem também a transmissão e a posterior conservação em manuscritos da tradição oral escandinava e da mitologia nórdica.

João Scortecci

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