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GILBERTO GIL NO SINTÉTICO DO PALESTRA

Doideira. Minha avó Sarah diria na lata: caduquice! Pois é. Ontem fui um dia agitado, amalucado. Agenda lotada, palestras, eventos do mercado editorial e gráfico, um discurso para escrever, um editorial e um monte de aniversários de família. Não é fácil cruzar a bola, matar no peito, dar uma caneta no zagueiro, um drible no volante grudento e ainda fazer o gol. Já fiz gols assim, todos nos meus sonhos de criança. Hoje me contento - apenas - em pegar um rebote, uma sobra de bola e cutucar para o gol. Gol é gol. Um detalhe: poupo, sempre, os goleiros. Já fui um goleiro ruim. A vida deles não é fácil. Já nasceram culpados. Onde pisam não nasce grama, mesmo em tempos de grama sintética. Doideira. Deitei tarde da noite, 23h45, quase já virando abóbora. Zumbido na cabeça, tontura e pernas doídas, além da conta. Fui ao show do incrível Gilberto Gil, na Arena Palestra Itália. Imperdível. Deus permita que eu morra antes do Gilberto Gil, da Maria Bethânia, do Ney Matogrosso e do Caetano Veloso. Já perdi muitos: Elis Regina, Adoniran Barbosa, Cazuza, Vinicius de Moraes, Luiz Vieira, Gal Costa, Tim Maia e Outros. Entrei em casa: abobalhado, cego de tudo e bêbado, depois de beber apenas água. Acordei cedo e fui dar conta de mim mesmo: tragédias! Encontrei o fone de ouvido – novíssimo e caro – dentro de uma xícara de café não tomado, esquecido na correria de ontem. Afogado! Perguntei para o Dudu, o cachorro espaçoso da casa: Foi você? Ele não respondeu. Estou agora tentando tirar Gil da cabeça: eu preciso! Viver não. Radinho de pilha - agora de bateria - precisa de fone de ouvido: faz parte da caduquice. 

João Scortecci