A Escola do Escritor foi fundada em julho de 2004, por mim e pela bibliotecária Maria Esther Perfetti, hoje editora do selo infantil da Scortecci, Pingo de Letra. Funcionou ininterruptamente por 16 anos, até março de 2020, quando se iniciou a epidemia de Covid-19 e fomos obrigados a fechar o espaço, infelizmente. O cardápio da escola era completo e interessante: cursos sobre a arte de escrever, como cometer um poema, o mercado editorial brasileiro, como publicar um livro, marketing editorial, como montar uma editora, direito autoral, livros sob demanda e outros. Mais de 15 cursos e perto de 3 mil alunos. A ideia – depois do fechamento – sempre foi: reabrir a escola, após o fim da pandemia. Tentamos reabrir em 2025. Não deu certo. Talvez em 2026, quem sabe? Eu e Maria Esther curtimos essa ideia. Tivemos três endereços físicos, todos no bairro de Pinheiros, em São Paulo – Capital. No primeiro deles, no ano de 2006, talvez 2007, notamos a presença pontual de um aluno, na casa dos 65 anos, nos cursos, aos sábados. Entrava mudo e saía calado. Não perguntava, não anotava, não conversava com ninguém. Desconfiado e curioso, certo dia o abordei: “O que você faz? Qual a sua profissão? Está escrevendo um livro? Pretende montar uma editora? Posso saber?”. Encurralei-o. Ele sorriu e timidamente abriu o coração: “Sr. Scortecci, eu poderia mentir, inventar uma história qualquer, disfarçar. Não vou fazer isso. Estou adorando os cursos da escola. Não perco um. Eu sou engenheiro aposentado, trabalhei a vida toda na indústria química, numa multinacional americana. Meus filhos já são adultos. Hoje, em casa, somos eu e minha mulher. Aos sábados é dia de faxina pesada. Minha doce mulher, delegada de polícia, também aposentada, me coloca cedo pra fora do apartamento. Durante alguns meses, fiquei perambulando pelo bairro, até descobrir vocês. Estou aprendendo sobre autores, livros e a arte de escrever.” Antes de ir embora, abriu o coração: “Penso até em publicar um livro de poesias!”. Em 2023, procurou-me para publicar o seu livro. Vale o ditado: Ensinando aprende-se muito! Isso talvez explique o desejo de reativar a escola. A poesia salva!
João Scortecci
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