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TED BOY MARINO, RASPUTIN E O TELECHATH MONTILLA / JOÃO SCORTECCI

Eu e os anos 1960. O lutador de luta livre, humorista, halterofilista e ator ítalo-brasileiro Ted Boy Marino (Mário Marino, 1939 – 2012), natural de Fuscaldo, comuna italiana da região da Calábria, província de Cosenza, embarcou aos 14 anos de idade, no porão de navio, junto com seus pais e mais cinco irmãos, para Buenos Aires, Argentina, no ano de 1953. Trabalhou como sapateiro e, depois, lutador de luta livre e halterofilista. Em 1962, com 23 anos de idade, estreou nos programas de Telecatch – luta livre que combinava encenação teatral, combate e circo – transmitido pelos canais 9, de Buenos Aires, e 12, de Montevidéu, Uruguay. Em 1965, Marino chegou ao Brasil. Pouco tempo depois, foi contratado como lutador de “Telecatch Montilla”, pela TV Excelsior, rede de televisão do Grupo Simonsen, do empresário Mário Wallace Simonsen, onde fez grande sucesso, no papel do mocinho: lindo, loiro e forte! Nos ringues de luta livre derrotava os vilões: Aquiles, Verdugo, Rasputim, Barba Negra, El Chasques e Múmia. Ted Boy Marino antes de vencer suas lutas – isso acontecia sempre – apanhava muito. O público sofria junto. Depois, do nada, reagia. O público vibrava. Hora da vingança! E o bem, então, vencia. Rasputin era o mais malvado de todos. Mesmo sabendo que tudo era “marmelada”, Ted Boy Marino era um herói nacional, do bem contra o mal. Nos anos 1970 – já morando em São Paulo – conheci o lutador Rasputin. Um dia, confessou-me: “Contra o Ted Boy Marino eu batia de verdade. Batia com gosto!”. “Qual a razão?”, perguntei-lhe. “Loiro, bonito e argentino!”, respondeu-me. Risos. Depois, suavizou a pegada: “Ted Boy era gente boa, mas merecia apanhar!”. Ted Boy Marino, depois do fim do “Telecatch Montilla”, atuou como coadjuvante no programa “Os Trapalhões” e na “Escolinha do Professor Raimundo”, da Rede Globo. Morreu no dia 27 de setembro de 2012, aos 72 anos de idade, vítima de uma parada cardíaca.

João Scortecci