Marconi (Guglielmo Marconi, 1874 – 1937) era – quase – da Família Paula, de tanto que meu pai Luiz, engenheiro civil e elétrico, falávamos do italiano, provável inventor do rádio. Tio Marconi! Talvez isso explique a minha paixão pelo rádio, engenhoca de chiados e – vez por outra – dono do meu sono profundo. Tenho apego pelos receptores, amigos fiéis e de uma vida inteira, os fraternos radinhos de pilha. Tenho uma boa e farta quantidade deles – uma coleção – de “ondas” de radiofrequência. Eu e minhas manias. Sou um exagerado! A estrutura básica da engenhoca é simples: um transdutor, um modulador, um amplificador e uma antena. Quando menino – isso nos anos 1960 – brincava de “rádio” conectando, em torneiras de cobre, os fios de um alto falante – amplificador sonoro –, arrancados de aparelhos velhos e quebrados. “Não estou escutando nada. Silêncio!”. “Abre a torneira e deixa a água cair que melhora o sinal.” Dito e feito. Funcionava, sempre. Rádio é terapia modal e ajuda – os vivos – em dias de insônia. Dia 13 de fevereiro comemora-se o Dia Mundial do Rádio. No Brasil, comemora-se no dia 25 de setembro, em alusão ao nascimento, em 1884, de Roquette Pinto, pioneiro da radiodifusão no Brasil. A primeira transmissão de rádio no mundo foi para um jornal de Dublin, na Irlanda, sobre um evento esportivo que ocorreu durante a regata de Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas, no Caribe. A invenção, porém, ainda não tinha o formato que conhecemos hoje, porque transmitia somente sinais. A primeira transmissão radiofônica no Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1922, por ocasião do centenário da Independência. Uma estação de rádio foi instalada no Morro do Corcovado, na cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal, que transmitiu o discurso do Presidente da República Epitácio Pessoa (Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa, 1865 – 1942). Um ano depois foi fundada pelo professor, escritor e acadêmico Edgar Roquette-Pinto (1884 – 1954) a primeira emissora de rádio do País: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (atual Rádio MEC). com o intuito de difundir a educação por esse meio, num Brasil onde 60% da população, cerca de 30 milhões de pessoas, na época, não sabia ler. Roquette-Pinto, numa negociação com empresários americanos da Westinghouse, recebeu de presente os equipamentos básicos de transmissão, para criar, então, a primeira emissora de rádio do Brasil. Um detalhe, insignificante, talvez: uso – diariamente – três radinhos recarregáveis. Um no ouvido, outro de reserva (vai que acontece algo) e outro ligado na tomada, carregando. Sou – mesmo - um exagerado: raio de roda, feixe de luz, raio!
João Scortecci
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