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REGRAS DE FUTEBOL DE RUA

Era assim nos anos 1960. Os dois melhores não podem estar no mesmo time. Logo, eles tiram par ou ímpar e escolhem os times. Ser escolhido por último é uma grande humilhação. Um time joga sem camisa e o outro com camisa. O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de catar no gol. Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um agarra até sofrer um gol. Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom, só para tentar pegar a cobrança. Trave boa é a feita com sandálias havaianas. Os piores de cada lado ficam na defesa. O dono da bola joga no mesmo time do craque. Não tem juiz. As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido grita como se tivesse quebrado uma perna. Se você está no lance e a bola sai pela lateral grita: é nossa e pega a bola o mais rápido possível e faz a cobrança. Lesões como arrancar a tampa do dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras, são normais. Quem chuta a bola para longe tem que buscar, não importa o lugar. Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, na pancada. A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, quando a bola rasga ou quando a mãe do dono da bola manda ele para casa tomar banho.

* Desconheço o autor do texto. Era assim mesmo.