Pesquisar

A POESIA E O PAPEL

Não existe vácuo na natureza e nem na poesia! Ando “me-descascando-me” inteiro, por dentro e por fora, nos vácuos parciais do branco do papel. Sofrendo de polissacáridotite aguda, nas juntas, nos músculos, nas veias, nos ossos, no sangue e nas fibras da vida. Doença orgânica, hidrogênica e cruel. Assim é a poesia. Sinto que estou no abismo de dor, de nova interação intermolecular. Minha alma clama - grita, talvez – pelo alívio, pelos paliativos dos verbos e dos versos do vácuo, imperfeitos. Sinto que estou prestes a cometer um novo poema, outro livro, com as brevidades e as imperfeições do hoje. Minha natureza abomina o vácuo do branco do papel: passageiro, reciclável, sustentável e eterno. 

João Scortecci