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IMPRESSÃO TÊTE-BÊCHE, SELOS OLHO-DE-BOI E O PAPA PIO XII

Coleciono selos desde 1969. Tenho na coleção alguns selos raros e sete “Olhos-de-boi”, do Brasil Império. Foi D. Pedro II (1825 - 1891) quem trouxe a ideia para o Brasil. Com a emissão do primeiro selo brasileiro em 1º de agosto de 1843, colocou o País em segundo lugar na criação do selo postal. No mundo, o primeiro selo postal foi o “Penny Black”, criado na Inglaterra, em 1840. Selos contam histórias, comemoram datas, registram fatos e acontecimentos importantes da história. Nos dias 20 e 21 de outubro de 1934, o governo brasileiro recebeu na cidade do Rio de Janeiro - na época, capital da República - a visita do Cardeal Eugenio Pacelli (Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, 1876 - 1958), que, cinco anos depois, assumiria o pontificado, como Papa Pio XII. Para comemorar a data – depois do fracasso da Casa da Moeda por não ter conseguido apresentar um selo comemorativo que agradasse aos Correios – a missão coube à Tipografia Alexandre Ribeiro & Cia, que os imprimiu a “toque de caixa”. Esses selos – cobiçados pelos filatelistas brasileiros – ficaram conhecidos como os "selos Pacelli", emitidos nos valores de 300 Réis e de 700 Réis, impressos em folhas de papel “médio”, com a filigrana vertical “Cruzeiro do Sul” referenciada no catálogo filatélico RHM com a letra “k”, com o denteado 11, contendo 32 exemplares cada. Na impressão dos selos, foram utilizadas duas chapas distintas. Uma com um bloco de quatro selos, e outra com um bloco de oito selos. A impressão foi feita em duas etapas. Após se completar a impressão das primeiras duas linhas, a folha de papel era virada para impressão das duas linhas faltantes. Assim, a folha subia para a máquina oito vezes, quando usada a primeira chapa (bloco de 4), e quatro vezes, quando usada a segunda chapa (bloco de 8). Devido a esse processo, os selos das duas linhas centrais foram impressos em "tête-bêche" - par de carimbos em que um está de cabeça para baixo em relação ao outro. Tenho na minha coleção dois exemplares de cada, em ótimo estado. O Cardeal Eugenio Pacelli tornou-se Papa da Igreja Católica e Chefe de Estado da Cidade Estado do Vaticano, em 2 de março de 1939, seis meses antes do início da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Em 20 de outubro de 1939, publicou a sua primeira Encíclica, a “Summi Pontificatus”, em que exprime a angústia pelo sofrimento que a guerra impõe a indivíduos, famílias e toda a sociedade. Na Encíclica, afirma que a "hora das trevas" caiu sobre a humanidade e convida todos a orar "para que a tempestade se acalme e sejam banidos os espíritos de discórdia que levaram a tão sangrento conflito." Na noite de 25 de dezembro de 1942, na sua famosa alocução de Natal, condenou a perseguição nazista aos judeus. Em 10 de setembro de 1943, os nazistas invadiram Roma. O Papa Pio XII abriu a Santa Sé aos refugiados, estimando-se que tenha concedido cidadania do Vaticano a cerca de 1,5 milhão de pessoas, durante a ocupação alemã. Adolf Hitler (1889 – 1945) ameaçou sequestrar o Sumo Pontífice. O general alemão Karl Otto Wolff, das SS, recebeu ordem para ocupar o mais rapidamente possível o Vaticano, garantir a segurança dos arquivos e dos tesouros artísticos e "transferir" o Papa com toda a Cúria, para que não caíssem nas mãos dos “Aliados” e exercessem influência política. Na sua radiomensagem, “Ecco alfine”, de 9 de maio de 1945, Pio XII reafirma o que tanto já vinha repetindo: "Só a paz e a segurança imposta sob justiça podem garantir ao povo um ordenamento público conforme as exigências fundamentais da consciência humana e cristã". Muitas histórias “não confirmadas” giram em torno do seu papado, algumas acusando-o de ter colaborado com Adolf Hitler e o nazismo. Pio XII morreu aos 82 anos de idade, no dia 9 de outubro de 1958, quando eu tinha, na época, pouco mais de 2 anos de idade.