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CORA CORALINA: E O BEIJO ROUBADO!

Tudo acontece em Goiás. Até o nada. O de ficar ali se olhando - demoradamente - feito vasto mundo. Drummond lhes disse: “Seu Vintém de Cobre é, para mim, moeda de ouro... Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia.” Hoje acordei pensando na Cora Coralina (Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, 1889 - 1985). Olhos miúdos, sorriso fácil de “gostoso” e coração de doceira competente. Ela e os Becos de Goiás. Ela e o povo do Rio Vermelho. No nosso único e derradeiro encontro, isso no ano de 1983, na entrega do troféu Juca Pato, sede da União Brasileira de Escritores - UBE, merecidamente justo e ganho por você. Veloz e inesquecível. Veio e ficou assim: “Amo a prantina silenciosa do teu fio de água, Descendo de quintais escusos sem pressa; e se sumindo depressa na brecha de um velho cano. Amo a avenca delicada que renasce; Na frincha de teus muros empenados; e a plantinha desvalida de caule mole, que se defende; viceja e floresce no agasalho de tua sombra úmida e calada.” Eu, pequenino; e ela, gigante! Curvei-me quase meio metro para que ela pudesse - apaixonada - me roubar um beijo de poeta. Beijo de poeta é assim: preguiçoso, úmido igual fio de água, doce de sombras e ternura e letrado.