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MACHADO DE ASSIS E A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL)

O escritor, romancista, cronista e dramaturgo Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis, 1839 - 1908), nasceu no dia 21 de junho de 1839. É considerado um dos maiores, senão o maior nome da literatura do Brasil. Testemunhou a abolição da escravatura e a mudança política no país quando a República substituiu o Império. Aos 17 anos de idade, foi contratado como aprendiz de tipógrafo e revisor na Imprensa Nacional. Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Em 20 de julho de 1897, foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, juntamente com os escritores e intelectuais Lúcio de Mendonça (idealizador), Inglês de Sousa, Olavo Bilac, Afonso Celso, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Ruy Barbosa. A Academia Brasileira de Letras é composta por quarenta membros efetivos e perpétuos e por vinte sócios estrangeiros. Em 1923, graças à iniciativa de seu presidente à época, Afrânio Peixoto (1876 - 1947) e do então embaixador da França, Raymond Conty, o governo francês doou à Academia o prédio do Pavilhão Francês, edificado para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, uma réplica do Petit Trianon de Versalhes, erguido pelo arquiteto Ange-Jacques Gabriel, entre 1762 e 1768. Machado de Assis no discurso inaugural de fundação da Academia, aconselhou aos presentes: "Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles os transmitam também aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira." Machado, depois da morte de sua esposa Carolina Augusta Xavier de Novais, escreveu em sua homenagem um dos seus mais belos sonetos: “Querida! Ao pé do leito derradeiro,/em que descansas desta longa vida,/aqui venho e virei, pobre querida,/trazer-te o coração de companheiro.//Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro/que, a despeito de toda a humana lida,/fez a nossa existência apetecida/e num recanto pôs um mundo inteiro.//Trago-te flores - restos arrancados/da terra que nos viu passar unidos/e ora mortos nos deixa e separados;//que eu, se tenho, nos olhos malferidos,/ pensamentos de vida formulados/são pensamentos idos e vividos.” A extensa obra machadiana constitui-se de dez romances, 205 contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos e mais de seiscentas crônicas. Machado de Assis faleceu no dia 29 de setembro de 1908, aos 69 anos de idade.

João Scortecci