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O PROFESSOR DELFIM NETTO E O MENINO CHEIO DE SONHOS

Moro na cidade de São Paulo desde 1972. Desci - vindo do Ceará, com 16 anos de idade, no dia 2 de março - no Terminal Rodoviário da Luz, na Barra Funda. Eu e meu irmão José Henrique, que já morava em São Paulo, desde 1970. No coração, um desafio: vencer na cidade grande! Na cabeça - menino de tudo - conselhos do professor Delfim Netto: “O milagre econômico brasileiro acontece em São Paulo”. Nos anos 1970, estava no Ideal Clube, na cidade de Fortaleza, “voando solto”, depois de uma aula de tênis com o professor Gadelha, quando um anjo torto apontou o dedo, na direção do salão nobre do clube, apinhado de gente. Entrei no salão e fiquei lá, esperando não sei o quê. Na entrada, um aviso: “Palestra do Professor Antônio Delfim Netto”. Assisti a palestra. Confesso: depois daquele dia, nunca mais fui o mesmo. Reencontrei o Professor Delfim Netto em Brasília, 35 anos depois, algumas vezes, em Brasília, quando membro da CNIC – Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, Área de Humanidades, do Ministério da Cultura. E mais recentemente, em 2017, num evento do “Grupo de Líderes”, na sede da Abigraf -Associação Brasileira da Indústria Gráfica. O Professor Delfim Netto fascina até hoje, mesmo depois do “pecado capital” da maxidesvalorização cambial, no ano de 1980, quando, então, era o todo poderoso Ministro da Fazenda. Antes do evento - na sala da diretoria-executiva da entidade - contei-lhe sobre o nosso primeiro encontro, em Fortaleza, no Ideal Clube, em 1970. Lúcido e ágil, como sempre, olhou-me e disse: “Eu lembro!”. Papo de raposa velha, pensei. Lendo as minhas desconfianças, ele citou detalhes e passagens daquele - memorável - dia. Inacreditável. Que cabeça maravilhosa. O Professor Antônio Delfim Netto, no dia 1º de maio de 2024, completa 96 anos de idade. Prometo não esquecer da data. 


João Scortecci