Assumo a presidência da Abigraf Regional São Paulo em meio a uma crise econômica sem precedentes, em meio a uma crise de saúde pública -- com quase meio milhão de mortos -- e em meio a um acelerado e insano processo de desindustrialização do setor gráfico, com desemprego em massa, inflação estrutural, desabastecimento de insumos e incertezas. Assumo com espírito de paz!
Desde menino, deixei-me levar pelo trabalho coletivo e pelo pensamento justo e democrático de que juntos somos mais fortes.
Lendo o sociólogo e filósofo alemão Ralf Gustav Dahrendorf, formatei minhas ideias, valores, diversidade e conceitos da importância do papel solidário e social.
Erra-se menos. Aprende-se muito!
Sou o menino “lobo” do escotismo; o jogador de futebol do time da rua, das figurinhas de craques, dos jogos de botões, da comunidade de jovens; o ativista político dos “anos de chumbo”; o soldado do serviço militar; o escritor marginal dos movimentos literários dos anos 1970; o diretor do centro acadêmico; o redator de jornais; o corredor da São Silvestre; o pedaleiro da bike; o leitor voraz; o escritor de muitos livros; o editor; o gráfico de tipos móveis; o livreiro; o diretor de entidades do mercado editorial e gráfico. Tornei-me gráfico em 1986. Uma paixão antiga. Sou neto do gráfico José Scortecci, editor da Revista PAN, um semanário dos anos 1930 e 1940, que marcou a história da indústria gráfica.
Tentando justificar o destino e a razão do meu inquieto legado, sou um “curioso pluriapto” da história das ideias. Esse inquieto legado me levou, em 2008, ao Gedigi, Grupo Empresarial de Impressão Digital da Abigraf Regional São Paulo.
Na Abigraf encontrei amigos, espaço e muitos desafios. Jamais imaginei chegar à presidência da casa paulista do empresário gráfico, cavaleiros de Johannes Gutenberg, pai da multiplicidade do conhecimento impresso.
Assumo com espírito de paz!
Pretendo, junto à diretoria da regional -- time vencedor escalado pelo presidente Sidney Anversa Victor, hoje na presidência da Abigraf Nacional --, dar continuidade ao bom trabalho dos “grupos empresariais” e aperfeiçoar, se possível, a comunicação da entidade com os associados, colaboradores e indústria gráfica.
Na atual gestão, criamos o Conselho Consultivo que, devido à pandemia e ao isolamento social, não pôde contribuir e ser participativo, conforme o planejado. Pretendo também “acioná-lo”, como um conselho “ombudsman“ da gestão.
Assumo com o coração de poeta, com o desafio incansável de pedaleiro, com o espírito lúcido e participativo de Dahrendorf, com o equilíbrio de Maat, deusa egípcia que personifica a força que move o trabalho, e com a vontade guerreira de Ares, deus grego da paciência, da razão e das possibilidades.
Na sorte, ao trabalho, com alma de Gutenberg!
João Scortecci