A cidade de Alexandria, no Egito, é a segunda mais populosa do país, com cerca de 5,2 milhões de habitantes. É o maior porto do país e um dos principais pontos turísticos egípcios. Estende-se por 32 quilômetros na costa mediterrânica do centro-norte do Egito. É o local onde fica a famosa Biblioteca de Alexandria. O poeta grego-otomano Konstantinos Kaváfis (1863-1933) nasceu e morreu em Alexandria. É considerado o maior nome da poesia em idioma grego moderno. Dois anos depois da morte do pai, e durante sete anos, de 1872 a 1879, o poeta morou em Londres, Inglaterra, com sua mãe e seus irmãos. O período em que viveu em Londres foi importante na formação da sua sensibilidade poética. A vida na Inglaterra não foi o que a família esperava. Não progrediram. Na verdade, perderam o pouco de recursos que tinham e retornaram para Alexandria, em 1879. Kaváfis trabalhou durante 30 anos na Bolsa de Valores Egípcia. Era um cético, um descrente. Questionava a cristandade, o patriotismo e a heterossexualidade. Em vida, não publicou nenhum livro. Seus poemas eram distribuídos em folhas soltas ou publicados em revistas literárias. Em 1935 - dois anos depois de sua morte - publicou-se o livro póstumo com seus 154 poemas mais conhecidos. À Espera dos Bárbaros” é um de seus poemas mais conhecido e - para muitos - sempre atual e oportuno. Segue: “O que esperamos nós em multidão no Forum? / Os Bárbaros, que chegam hoje. / Dentro do Senado, porque tanta inação? / Se não estão legislando, que fazem lá dentro os senadores? / É que os Bárbaros chegam hoje. / Que leis haveriam de fazer agora os senadores? / Os Bárbaros, quando vierem, ditarão as leis. / Por que é que o Imperador se levantou de manhã cedo? / E às portas da cidade está sentado, / no seu trono, com toda a pompa, de coroa na cabeça? / Porque os Bárbaros chegam hoje. / E o Imperador está à espera do seu Chefe para recebê-lo. / E até já preparou um discurso de boas-vindas, / em que pôs, dirigidos a ele, toda a casta de títulos. / E por que saíram os dois Cônsules, e os Pretores, / hoje, de toga vermelha, as suas togas bordadas? / E por que levavam braceletes, e tantas ametistas, / e os dedos cheios de anéis de esmeraldas magníficas? / E porque levavam hoje os preciosos bastões, / com pegas de prata e as pontas de ouro em filigrana? / Porque os Bárbaros chegam hoje, / e coisas dessas maravilham os Bárbaros. / E por que não vieram hoje aqui, como é costume, os oradores / para discursar, para dizer o que eles sabem dizer? / Porque os Bárbaros é hoje que aparecem, / e aborrecem-se com eloquências e retóricas. / Por que, subitamente, começa um mal-estar, / e esta confusão? Como os rostos se tornaram sérios! / E por que se esvaziam tão depressa as ruas e as praças, / e todos voltam para casa tão apreensivos? / Porque a noite caiu e os Bárbaros não vieram. / E umas pessoas que chegaram da fronteira / dizem que não há lá sinal de Bárbaros. / E agora, que vai ser de nós sem os Bárbaros? / Essa gente era uma espécie de solução”.
13.09.2021
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