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DE SÁ COPIADORA, PICOTADEIRA DE PÉ E GRAFICA SCORTECCI

História da história. Montei a Gráfica Scortecci no ano de 1986, quatro anos depois da editora. Estava confortável imprimindo os livros da editora na De Sá Copiadora. A gráfica ainda existe e funciona no mesmo endereço: Rua Francisca Miquelina, 155, Bela Vista, São Paulo.  Eram - na época - três sócios: Bernardo, Marinho e Sérgio. Os dois primeiros já faleceram. Ano passado conversei com o Sérgio, pelo telefone. Prometi visitá-lo, mas com a Covid-19, o encontro foi adiado. Até o ano de 86 tinha publicado perto de 500 títulos, em primeira edição. Foi o sócio Bernardo que me comunicou o fim da parceria: “Scortecci, fechamos um mega contrato com a GM - General Motors - para imprimir o catálogo deles de peças e serviços. Vou ter que parar de imprimir os seus livros. Você não vai ficar na mão.” O sócio Marinho apresentou-me então ser irmão caçula de nome Claudio - Operador de IBM Composer - que por sua vez me apresentou um impressor de offset de mesa, de nome Lamartine, da zona Leste. Montei então o início da Gráfica Scortecci: uma pequena oficina de acabamento de livros, com três máquinas mecânicas: uma picotadeira de pé (foto), uma guilhotina de 50 de boca e uma vincadeira de capas. No piloto da “picotadeira de pé” contratei uma magrela alta e muito feia. Seu nome? Não me lembro. A moça era uma “fera” na máquina de pedal. Trabalhava feliz e sua produção de 5 em 5 folhas, por vez, era incrível. “Você gosta de trabalhar na picotadeira?” Perguntei. “Sim. Muito.” Respondeu. “Posso saber o motivo?” Insisti. “Preciso tornear e embelezar as minhas coxas e pernas.” Respondeu. Alguns meses depois - confesso - suas belíssimas pernas eram o assunto na empresa. Depois de dois anos de “picotadeira de pé” pediu as contas. “Posso saber o motivo?” “Aconteceu alguma coisa?” Perguntei. “Não. Vou me casar! Já consegui o que queria: um marido!” E assim foi.   

02.11.2020