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DOS OBJETOS: CERTEZA A RESPEITO DE NADA!

Dos objetos. Dos encontros no quarto de despejo. Eram seis. No bolso do paletó: um pente de osso, uma tesoura de ponta fina e um dado de seis faces. Trindades. Na gaveta da cômoda: um batom de boca, um dedal de costura e uma chave de porta. Tríades. O que faço com tudo isso? Não sei. Você pode doar ou jogar tudo fora. No lixo? Sim. E você? Quer alguma coisa do despejo? Nada. Algo do labirinto secreto do morto? Talvez. Mistura tudo. Sacode a vida e cospe em cima. Feito. O que temos, agora? A mesma chave que abre portas antigas, um dado ruim de faces ocultas, o dedal de cozer len-çóis e fronhas rasgadas, a tesoura cega de cortar unhas do pé, o pente desdentado do careca morto e o batom - vermelho -da amante, que se foi. E agora: alguma coisa faz sentido? Nada. A vida é mesmo um nada. Joga tudo fora. Tudo? Sim. Tudo. No lixo.