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BISCOITO DA SORTE E AS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA

Abri o biscoito da sorte e li: “Processo mental: atitude de quem acredita!” Comi o biscoito - feito de pessoas e coisas - engolindo tudo junto: salivas e reflexões. Sabor incerto e tripa de papel "espetada" no quadro de cortiça. Feitiço. São as razões emocionais - da hora e do instante - que fazem o dia. Eu como, Eu mastigo, Eu destruo: azedumes! Teimosia e gula. Circunstâncias da vida e pausa. O ar é livre! Aprendi - desde muito cedo - a respirar os cheiros da hora, qualquer. O amargor entra pelos músculos e cria ossos! É na calma da pressa ou na sua brevidade, que construímos esqueletos. Abro, então, outro biscoito da sorte. O terceiro biscoito. O maior deles. Ganhei 5, no total. Temo - dou fé - que devorarei os dois últimos antes do por do sol. Fico assoprando farelos no ardor do chão. Metamorfose? Talvez. Bebo água do poço e depois, bebo um gole de café quente. Processo mental: atitude de quem acredita. No amargor da biruta  o ar é livre e incerto. Tudo que voa: voa perdido no tempo.  

João Scortecci