O inventor norte-americano Christopher Latham Sholes (1819 – 1890) foi um “arranjador” de soluções. Hoje, talvez, fosse um “facilitador”, algo assim. Foi o inventor e o desenvolvedor do layout de teclado QWERTY, usado nas máquinas de escrever, nos celulares e nos teclados dos computadores. A história começou com tentativas de separar as letras mais usadas juntas, evitando, assim, que travassem. Sholes, no layout do teclado, definiu – desconheço a razão – que as seis primeiras letras da linha superior do teclado fossem: Q-W-E-R-T-Y. No Brasil, o padrão da ABNT é baseado no layout QWERTY, com algumas adaptações para o português, com a inclusão dos acentos. O layout do QWERTY, de Sholes, foi projetado, inicialmente, para a conveniência dos operadores de telégrafo e o uso do código Morse. Foi a empresa Remington que popularizou o QWERTY com sua máquina de escrever, ao introduzir no teclado, em 1878, o “Shift” para maiúsculas ou minúsculas, tornando-o padrão mundial. A primeira máquina de escrever comercial foi a Sholes & Glidden da Remington, do ano de 1867. Uma das diferenças entre o layout QWERTY original e a versão atual é a ausência da tecla: “!” / “1”. Em vez de digitar o numeral 1, os digitadores usavam a letra minúscula “l”. Para digitar um ponto de exclamação, usavam um ponto (.), pressionavam a tecla Backspace (Retrocesso) e, em seguida, digitavam um apóstrofo (’) acima dele. No meu teclado Multi, fabricado na China, a tecla de “Retrocesso” aparece apenas como uma seta apontando para a esquerda, acima do “Enter”. Outras teclas adicionadas em versões posteriores foram as teclas “=” e “+”. Esses símbolos eram usados com pouca frequência, pois geralmente se assumia que as notações matemáticas eram feitas em máquinas de calcular. Se os digitadores quisessem digitar um sinal de mais (+), digitavam um hífen (-), pressionavam a tecla Backspace (Retrocesso) e, em seguida, digitavam dois pontos (:). Quando queriam digitar um sinal de igual (-), digitavam um hífen (-), pressionavam a tecla Backspace (Retrocesso) e, em seguida, digitavam um sublinhado (_). Agora a novidade que eu até então desconhecia: os teclados QWERTY foram desenvolvidos como uma forma de diminuir a velocidade de digitação. As pessoas – lá nos primórdios das máquinas de escrever – digitavam tão rapidamente que, com frequência, travavam as teclas. Assim, o novo teclado evitava que o digitador tivesse que soltá-las com o uso do dedo indicador. No meu caso, confesso, as teclas travavam, não pela velocidade da minha nobre digitação, mas por ter os dedos grandes e ser ruim de pontaria. Ainda aprendendo: mais de 50% das teclas são pressionadas na linha superior do teclado e cerca de 30% na linha inferior, comumente chamada de “linha base”. Aprendi muito. Ficou apenas uma dúvida nos meus miolos: por que Christopher Latham Sholes – o facilitador – escolheu colocar primeiro, na linha superior do teclado as letras: Q - W - E - R - T - Y. Algum código secreto? Ou, talvez, desprezo poético pelo “ípsilon”, letra inútil, desajustada, incapaz de cometer um poema qualquer.
João Scortecci