Conheço a escritora e fonoaudióloga Leny Kyrillos. Já esteve presente em vários eventos da Abigraf, palestrando e lançando livros. Quem nos apresentou foi o jornalista e radialista Milton Yung, âncora do Jornal da CBN. Kyrillos, profissional brilhante, quando fala, eu escuto, levanto as orelhas. Aprendo muito! Hoje – ainda sonolento – depois de ouvir o professor Pasquale Cipro Neto, no programa “A nossa língua de todo dia”, explicar sobre a expressão “Jirico” com “J”, ela, Kyrillos, assustou-me, comentando sobre os “perigosos” benefícios da Terapia do Grito, em que se usa o grito para liberar emoções reprimidas, traumas e estresse acumulado. Que doideira! Fui ao banheiro, bebi água e, na volta, abri a janela e gritei! Berrei! Higienópolis inteira, deve ter escutado o meu grito. Fiquei louco?, pensei. O interfone tocou em seguida. Era o porteiro da noite. “Sr João, aconteceu alguma coisa?, perguntou-me, assustado. "Nada", respondi. Perdi o sono. Liguei o computador e fui pesquisar sobre a Terapia do Grito, trabalho do psicólogo e psicoterapeuta Arthur Janov (1924 – 2017) e os benefícios nada científicos da sua teoria, para libertar dores emocionais profundas, traumas e estresse acumulado. Na matéria, vários alertas sobre o perigo do grito terapêutico e também sobre os possíveis efeitos negativos. Ideia de jirico, com “J”, a minha. A própria Kyrillos, na sua reportagem, tocou no assunto, recomendando o grito com moderação e com orientação profissional adequada. Pergunto-me: e agora? Já gritei. Berrei. Impossível trazê-lo de volta. Escafedeu-se no ar. Não satisfeito – pesquisando e lendo sobre a Teoria do Grito do psicólogo e psicoterapeuta Arthur Janov – acabei no assunto “cordas vocais”. Explicação: “são dobras musculares na laringe que vibram com a passagem do ar dos pulmões para produzir som, fechando-se para a fonação e abrindo-se para a respiração, além de protegerem as vias aéreas. Funcionam como as cordas de um instrumento: esticam para notas agudas e relaxam para graves, sendo essenciais para o timbre e volume da voz”. E – eu não sabia – as cordas vocais são brancas e quando provocadas mudam de cor, para um tom de rosa, cor intermediária entre o magenta e o vermelho. Repito: ideia de jirico, com "J". Amanhã – véspera de Natal – compro um panettone gigante e levo de presente para o porteiro da noite. Ele pedala, tem bike e é torcedor fanático do Palmeiras. Vai me perdoar do susto. Pretendo, ainda, justificar-me, dizendo: “Zé, que tal o meu grito de jirico, com 'J'?”. Estou praticando silêncio vocal, algo assim.