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UTOPIAS E DISTOPIAS DO DIA 22 DE NOVEMBRO DE 1963

Das utopias. O presidente Kennedy (John Fitzgerald Kennedy, 1917 - 1963) foi assassinado em Dallas, no dia 22 de novembro, com um tiro na garganta e outro na cabeça e, no mesmo dia, o escritor Huxley (Aldous Leonard Huxley, 1894 - 1963), suicidou-se, em Los Angeles, com uma injeção “amiga” de LSD. Huxley foi editor da revista “Oxford Poetry” e publicou contos, poesias e literatura de viagem. Foi indicado sete vezes para o Prêmio Nobel de Literatura, mas nunca ganhou a cobiçada estatueta. Huxley foi um desbravador da literatura e da consciência humana. Autor de clássicos imortais como “Admirável Mundo Novo” e “As Portas da Percepção”, explorou o uso de alucinógenos como a mescalina, o LSD e outros psicodélicos, a fim de expandir a consciência e descobrir novos horizontes do pensamento humano. A experiência com drogas psicodélicas foi tão importante para Huxley, que o autor planejou deixar a vida numa viagem de LSD - e, com a ajuda de sua mulher, assim o fez. Nos aproximamos nos anos 1980, quando li e reli a sua obra. Na biografia do verso de capa do livro "Admirável Mundo Novo", o ano de sua morte: 1963! Na época - a data de 22 de novembro de 1963 - passou batida e somente hoje, depois de muitos anos, registro a distopia: Huxley suicidou-se no mesmo dia do assassinato de Kennedy! Pergunta: Onde eu estava mesmo naquele trágico dia? Lembro. Estava em Fortaleza, no Ceará, na casa de Dóris Holanda, mãe dos amigos de infância: Nelson, Leda Maria, Alexandre, Guilherme, Raul e Paulinho. Colávamos figurinhas de times de futebol, de jogadores do Santos, de Pelé e do Botafogo, de Garrincha. Panela com grude - para colar as figurinhas - e trapos de pano, para limpar os excessos de cola. Inesquecível! Foi quando o plantão do radio-jornalismo “O Seu Repórter Esso” - nos alertou da tragédia: “O 35° presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, acaba de ser baleado e morto, em um atentado na cidade de Dallas, nos Estados Unidos”. Era uma sexta-feira, 16h30 no horário do Brasil e 12h30, hora local de Dallas, do dia 22 de novembro de 1963. Eu tinha 7 anos de idade e gostava de Kennedy. Assustados, guardamos os álbuns, as figurinhas e fomos embora, cada um para a sua casa. Mamãe Nilce estava em casa, colada no rádio da sala e papai Luiz, logo chegou. “E agora?” foi o que mamãe Nilce perguntou. Silêncios. Utopias, distopias, balas de LSD, alucinógenos, figurinhas de times de futebol, admirável mundo novo... Lembro-me de tudo! Sobre Huxley precisei avançar no tempo, viajar no compasso-luz da história e, então, também, morrer junto. Foi o que fiz. Aldous Huxley, já impossibilitado de falar, devido a um câncer terminal, escreveu um bilhete a Laura Huxley, sua esposa: "LSD, 100 microgramas, intramuscular". Huxley, faleceu às 17h21, aos 69 anos de idade.  

João Scortecci