Não sabia. Confesso: foi surpresa! Guimarães Rosa, poeta? "Magma" foi escrito em 1936 e publicado postumamente pela Editora Nova Fronteira, em 1997. O livro de poesias sempre foi considerado uma obra menor pelo autor de “Sagarana” (1946), “Grande Sertão: Veredas” (1956) e Outros. Curiosidade: “Magma” foi ganhador do concurso literário criado pela Academia Brasileira de Letras (1936), com o pseudônimo “Viator” (Viajante). Durante sua vida, Guimarães Rosa (João Guimarães Rosa, 1908 - 1967) não demonstrou qualquer interesse em publicá-lo, chegando a dizer em entrevista: " [...] escrevi um livro não muito pequeno de poemas, que até foi elogiado. [Depois] passaram-se quase dez anos, até eu poder me dedicar novamente à literatura. E revisando meus exercícios líricos, não os achei totalmente maus, mas tampouco muito convincentes". “Magma”, poesia de nome “Sono das Águas”: "Há uma hora certa, no meio da noite, uma hora morta, em que a água dorme. Todas as águas dormem: no rio, na lagoa, no açude, no brejão, nos olhos d’água. Nos grotões fundos. E quem ficar acordado, na barranca, a noite inteira, há de ouvir a cachoeira parar a queda e o choro, que a água foi dormir…". Guimarães Rosa, em 6 de agosto de 1963, foi eleito, por unanimidade, membro da Academia Brasileira de Letras, sendo o terceiro ocupante da cadeira n.º 2, que tem como patrono Álvares de Azevedo. João adiou a cerimônia de posse por quatro anos. No seu discurso de posse, em 16 de novembro de 1967, afirmou: "…a gente morre é para provar que viveu.". Guimarães Rosa faleceu 4 dias depois de sua posse, vítima de um ataque cardíaco, na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de novembro e 1967, aos 59 anos de idade.
João Scortecci