No ano de 2011 revisitei o Ceará. Vou lá – vez por outra – e me abraço. Eu menino, danado, feliz, navegando num pé de goiaba. Nau do latifúndio da Vila de Santa Teresinha. Baladeira no pescoço, sandálias havaianas, óculos fundo de garrafa e arraia com cerol, nos olhos do sol. Imensidão. Visito os mesmos lugares de sempre: minha casa, que não existe mais, as ruas da infância, o Colégio Cearense, a Praça do Ferreira, o Mercado São José, a Praça dos Leões, Parque Cidade da Criança, Igreja do Coração de Jesus, as águas de Aquiraz, o riacho Pajeú, hoje canalizado, o farol do Mucuripe e o mar, o imenso mar. Tempo maior para os amigos que ainda estão por lá. Levo comigo - sempre - a última versão do livro Na linha do Cerol - e nossas reminiscências. É o que faço. Tempo para o Dragão do Mar, Frei Ambrósio, Pombo Branco, Feijão sem Banha, Chico da Silva, Irmão Urbano e Outros. E muitos outros: todos lembranças! Desta última vez estive também com o poeta do povo, o Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva, 1909 - 2002). Lembro sempre do seu poema "Triste Partida", musicado e gravado pelo Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Primeiros versos: ”Setembro passou / Outubro e novembro / Já tamo - quase - em dezembro / Meu Deus, que é de nós (Meu Deus, meu Deus)...”. Tudo verdade. Confesso: Não sei quando volto por lá. Quem sabe? Ninguém. Pergunto: Ainda gosto do bicho da goiaba? Respondo: E de farinha também! Isso basta? Talvez. Assaré voa e voa no tempo.
João Scortecci
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