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O MARINHEIRO EDGARD VIANNA E A CORVETA JACEGUAI

A Corveta Jaceguai (H-37), originalmente um navio-mineiro, foi transformada em corveta em 1942, para auxiliar nas operações da Segunda Guerra Mundial. Após o conflito, em 1946, o navio retornou ao serviço hidrográfico. Com a entrada do Brasil na guerra, o navio foi equipado com armamento e reclassificado como corveta, atuando na Força Naval do Sul. A transformação em corveta envolveu a instalação de canhões de 47 mm, dois projetores centrais em "Y", calhas para cargas de profundidade e recargas no convés. A corveta Jaceguai foi a segunda embarcação da Marinha do Brasil a receber esse nome, em homenagem ao Almirante Artur Silveira da Mota (1843 – 1914), o Barão de Jaceguai. A corveta foi construída em 1919, dentro do Programa de Emergência de Guerra da Marinha Britânica pelo estaleiro The Clyde Shipbuilding C. Ltd., Glasgow na Escócia. Recebeu o nome de Fair Field, sendo um dos 88 navios da mesma série, da classe Hunt, que foram construídos, dos quais 41 foram desincorporados ou vendidos, com seis deles sendo transformados em Navio Hidrográficos. O Navio Mineiro-Varredor Fair Field foi vendido a uma empresa particular da Argentina para operar como cassino flutuante e transporte de passageiros entre Buenos Aires e Colônia no Uruguai. Com a falência da empresa, o navio foi arrematado em leilão pelo Coronel Ganzo Fernandes, que passou a utilizá-lo, como transporte de passageiros entre Rio Grande (RS) e Porto Alegre (RS) com o nome de Flecha, pertencente à Companhia Sul Rio Grandense de Navegação. Em 1936, o navio-transporte Flecha foi adquirido pela Marinha do Brasil para ser Navio-Hidrográfico. Em 1942 para atender as necessidades da guerra foi transformado em corveta e armado para a guerra. Participou efetivamente da Segunda Grande Guerra Mundial no período de setembro de 1943 a dezembro de 1944 em operações de guerra, realizando 14 missões de escolta de comboios de navios mercantes brasileiros e estrangeiros. Edgard Vianna, nascido em 7 de novembro de 1923, no Rio de Janeiro, alistou-se na Marinha Brasileira em 6 de fevereiro de 1941, identificado sob registro número 54441, inicialmente servindo no NM Itajaí, conhecido como "Rebocador Rio Pardo" e depois como "Rebocador Itajaí" e a partir de 30 de setembro de 1942, na Corneta Jaceguai, até 30 de maio de 1947, quando deu baixa. Em 02 de maio de 1946 lhe foi concedida a Medalha de Guerra de três estrelas. Lendo a caderneta - Corpo do Pessoal Subalterno da Armada - do marinheiro Edgard Vianna, número de registro 410352, de 4 de fevereiro de 1941, não há registros de acidentes, punições, deserção, além do registro da promoção de 2ª Classe para 1ª Classe, em 10 de agosto de 1946, número 34946. Na caderneta, colado como “Notas Diversas”, entre as páginas 7/8 e 9/10, documento datilografado, de Declaração de Guerra, boletim do MM 37, de 1942, decreto 10358, de 31 de agosto de 1942, informando Estado de Guerra, em todo o território Nacional contra os Estados da Alemanha e Itália, Estado de Beligerância, decreto de 22 de agosto de 1942, do Presidente da República Getúlio Vargas (1882 – 1954), e de Mobilização Geral, decreto número 10451, de 16 de setembro de 1942, em todo território Brasileiro. A nota foi emitida a bordo da Corveta Jaceguai, em 15 de janeiro de 1946. Sobre o marinheiro Edgard Vianna - marido de Maria Adelaide, irmã caçula de Belkiss Ramalho, minha sogra - é o pouco que sei, isso depois que Marta, minha esposa, encontrou a caderneta, no meio de uma papelada que ia para o lixo. A caderneta foi - felizmente - resgatada. Sorte! Na página 3 da caderneta a sua foto - de frente e de perfil - com 18 anos de idade, no ano de 1941. Ficou a curiosidade de saber mais, muito mais, sobre o marinheiro Edgard Vianna e suas 14 missões a bordo da corveta Jaceguai.

João Scortecci