Apalavrar - verbalmente - e depois: pactuar! Na praça do correio - no banco da estação do trem - as duplicidades da vida. Reflexões da memória. Eu, olhando o chão de sombras e você, adormecida, no céu da noite: sonhando, talvez. O moço do lambe-lambe, do preto no branco, nos olhando de longe: passarinho. Distante, mas próximo. O apalavrado se basta. Basta e voa. Cinzas, delírios e gozo. Aponto com o dedo indicador na direção do vento do dia. Aponto além da conta: na direção da sorte. Ato verbal do pacto da paixão e das ventanias do amor. O moço do lambe-lambe - do preto no branco - insiste em nós. Ele nos quer inteiros! A vida compõe os iguais, os apalavrados, os jurados. Vamos? Sempre! Ajuntados na estampa - e abraçados igual laço - o riso do lagarto. Dois passageiros amorosos no incompleto destino. No incerto futuro. Em algum lugar do pactuar: o sinal. Lembrei-me, então, de tudo. E você - lembranças - veio ocupar-se de mim. E o trem - do passado infinito – deixou a estação, a praça, o banco úmido do gozo e partiu: nas duplicidades da vida.
João Scortecci
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