Das condições do sol. Perecimento e aniquilamento dos dias. Lufadas e respiros, tardes quentes e silentes. Dores sem ruídos e gritos. Silêncios! Depois, distante, acomoda-se inteiro, no precipício do abismo, no dorso do horizonte, e lá morre. Despede-se: majestoso, cruel, no altar da natureza. Deus dos infernos, cabeceira do clarão dos espíritos: profano, herege e pagão. No céu, surgente, vejo as constelações de Áries, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Aquário, Peixes e outras. Todas no vazio do negro infinito. Espelhos da criação, no absoluto das almas. Procuro, ainda, pensamentos. Traços da existência! Mapas de cartas e perdidos: pontas, flechas, lanças, agudos e sussurros. Do nada: uma estrela cadente! Uma navalha de fogo cortante e veloz. Eu vi. Abismar-me! Fraqueza no físico dos ossos, no cansaço da cegueira dos olhos. Prostração de ficar ali - na terra das águas - e morrer, profundamente. Passamento. Calor de espadas e brasas no perfil. Cheiros? Talvez. O instante queima! Provoco espantos, repetidas vezes, na noite. Amanhã - outro dia qualquer - outro dia de sol escaldante. Imenso, radiante e grandioso. Deus? Mesmo que chova, teremos sol. Dói sobreviver! Abismar-me, então.
João Scortecci