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BATISMO DE URINA E O SANDUICHE DE MORTADELA

Sou torcedor do Palmeiras desde 1972, quando mudei-me para São Paulo, Capital. Sou, também, torcedor do Fortaleza Esporte Clube e do Botafogo de Futebol e Regatas, times da infância dos anos 1960. Até então - quando criança - admirava o Santos, de Pelé e o Botafogo, de Garrincha. Tenho - no armário - camisas do Fortaleza. As mais antigas, infelizmente, não cabem mais. Acontece! Meu time de botão - guardado com carinho - chama-se Botafogo. Não tenho e nunca tive camisas do Botafogo. Não sei a razão. Tornei-me torcedor do Fortaleza Esporte Clube, o Leão do Pici, depois que os irmãos da família Holanda Sampaio: Alexandre, Guilherme, Raul e Paulinho, convidaram-me, então, para assisti, pela primeira vez, um jogo de futebol no Estádio Presidente Vargas, conhecido como PV, o clássico Fortaleza X Ceará, pelo Campeonato Cearense. Alexandre, Raul e Paulinho, torcedores do Ceará Sporting Clube e Guilherme, torcedor do Fortaleza. Optei em fazer companhia ao Guilherme - para não deixá-lo sozinho - algo assim. A torcida do Fortaleza, na época, ficava do lado oposto a entrada principal do estádio, atrás de um dos gols. Lembro-me que jurei: Viro torcedor do time que ganhar! Combinado? E assim foi. Naquele dia o Fortaleza goleou o Ceará por 4 X 0, fora o olé. Depois do jogo, na saída do estádio, Guilherme,  disse-me: “Pronto para correr?”. Sim. Respondi. Guilherme colocou as sandálias havaianas nos dedos das mãos e correu. Fiz o mesmo. Lembro-me do sol - pegando fogo na cabeça - e da chuva amarela caindo do céu. Casamento de viúva? Pensei. Não. “Corre que é mijo!”. Gritou. “Fecha a boca e olha para o chão!” Foi o que fiz. Na época - não sei hoje - a saída da torcida do Fortaleza passava literalmente embaixo da arquibancada da torcida do Ceará. Ficamos ensopados de mijo! Já fora do estádio, tirei a camisa. Aproveitei, então, e comprei uma camisa do Fortaleza. Estava, então, batizado. Depois comemos sanduiche de mortadela e zoamos a turma. Daquele dia de sol e infância ficou: gols, mortadela e urina!    

João Scortecci