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OS RENEGADOS DE TREVISAN

 Todos nós conhecemos um João, um Luiz, um José, um Francisco e um Joaquim. Isso eu afirmo e ainda passo recibo, se precisar. Um detalhe: Luiz com “Z”. O nome “Joaquim” tem origem hebraica e seu significado é "Deus estabeleceu" ou "aquele que Deus elevou". A primeira versão do nome em português surgiu em Portugal, por volta do século XVIII. No Brasil, hoje, existem, cerca de 8.566 pessoas registradas com esse nome. Lendo a biografia do “Vampiro de Curitiba”, o talentoso e reservadíssimo curitibano Dalton Trevisan (1925 –     ) que no dia de ontem, 14 de junho, completou 99 anos de idade, encontrei referências sobre a “Revista Joaquim”, de cunho literário publicada entre os anos de 1946 e 1948 (21 edições) por Dalton Trevisan, Erasmo Pilotto e Antônio P. Walger. A escolha do título e do subtítulo da revista – “Homenagem a Todos os Joaquins do Brasil” –, tinha dupla intenção: popularizar o veículo e fornecer ao leitor um indicativo da principal característica do periódico: esconder as autorias de determinadas ideias. A revista teve colaboradores do porte de Poty Lazzarotto, Temístocles Linhares, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Wilson Martins, Guido Viaro, Otto Maria Carpeaux, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Sergio Milliet, Lêdo Ivo e Mario Pedrosa. Também publicou inéditos em português de Louis Aragon, Tristan Tzara, T.S. Elliot, Garcia Lorca, Rainer Maria Rilke, André Gide e Jean Paul Sartre. Dalton Trevisan – não o conheço pessoalmente – é autor premiadíssimo: Prêmio Jabuti (1960, 1965, 1995 e 2011), Troféu APCA (1976), Prêmio Portugal Telecom de Literatura (2003), Prêmios Literários da Fundação Biblioteca Nacional (2008, 2015), Prêmio Camões (2012), Prêmio Machado de Assis (2012) e Prêmio do Negrinho (2013). É autor de mais de 50 livros publicados e dois outros, renegados: “Sonata ao Luar” (1945) e “Sete Anos de Pastor” (1948). Detalhe oportuno: na “Revista Joaquim”, número 21, de dezembro de 1948, o escritor, pintor, crítico de arte e tradutor Sérgio Milliet (Sérgio Milliet da Costa e Silva, 1898 – 1966) escreveu crítica sobre um dos livros renegados de Dalton Trevisan: “Sete Anos de Pastor”. Aqui com os meus nervos: talvez, também, renegue dois ou três dos meus livros. Existe um perigo: ninguém esquece de lembrar dos renegados. Para muitos, livros "esgotados" e nada mais.  

João Scortecci