Eu estava lá, você também e outros. Contei a minha versão do que havia visto. Todos riram de mim. Você contou a mesma história – só que do seu jeito. Todos – incrédulos – gargalharam de nós. Outros tentaram – em vão – explicar do mesmo, do que haviam visto. Não houve consenso ou certeza alguma sobre nada. Silêncios. Calamo-nos, então, no vazio do diverso e nas raízes do tempo. Cada alma do seu jeito. Nós, poetas, reunimo-nos, então, no chão do caminho - nas beiradas do rio - e versamos, possuídos, palavras de morte, que, diante do diverso de nós, morreram por lá. Despedimo-nos, então, com abraços de fim. Partidas e nada mais. Antes, rasgamos bilhetes - versos incompletos, talvez - no vento do lugar. Lá ficaram. Findamos dos corações - eu, você e outros: dos pecados da noite, das danações nas águas do rio, dos gritos - amordaçados - no diverso de nós. Apagamos - apressados e na sorte - pés, trilhas, segredos e beijos ruins, de tudo. Nada ficou. Foi assim: travessias, sem rastros. E os versos - ausentes - gargalharam de nós.
João Scortecci