Biblioteca das Moças é o título de uma coleção de romances
especializada em literatura para jovens mulheres, publicada entre 1920 e 1960,
pela Companhia Editora Nacional, fundada por Monteiro Lobato e Octalles
Marcondes Ferreira e que, em 1980, passou a fazer parte do grupo IBEP –
Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas. A coleção era composta por cerca
de 180 volumes, com romances de vários autores, a grande maioria assinados por
M. Delly, pseudônimo do casal de irmãos franceses Frédéric Henri Petitjean de
la Rosière (1870 – 1949) e Jeanne Marie Henriette Petitjean de la Rosière (1875
– 1947). As narrativas geralmente eram ambientadas na França e tinham enredos
com estrutura bem definida: o herói nobre e rico e a heroína plebeia e pobre,
compondo uma trama complexa que culminava com o casamento feliz, como nos
contos de fada. O casamento era, então, apresentado para as moças “sonhadoras”
como a redenção da mulher. Em muitos casos, a única opção de felicidade. Por
volta de 1920, as jovens começaram a frequentar as livrarias, escolhendo e
comprando seus livros, e a Coleção Biblioteca das Moças foi organizada em
função dessa alternativa, destinada ao público feminino da época. Em 1930, a
Companhia Editora Nacional chegou a publicar mais de 900 mil exemplares; em
1940, esse número chegou a 1,4 milhão; e, em 1950, o número total de
publicações duplicou em relação à década anterior, alcançando mais de 2,9
milhões de exemplares vendidos. Mamãe Nilce Scortecci foi uma leitora voraz de
livros dessa coleção. Lembro-me de ter visto – isso nos anos 1960 – vários
exemplares empilhados na casa dos meus avós maternos - José Scortecci e Maria
Aparecida -, na cidade de São Carlos, interior do estado de São Paulo. Depois,
desapareceram. Creio que minha mãe, numa dessas viagens, fez questão de sumir
com eles, doando-os, ou algo assim. Na adolescência, mamãe Nilce varava noites,
à luz de velas, escondida no canto do quarto, lendo livros. Fez isso durante
toda a sua vida. Já casada e com filhos, morando em Fortaleza, organizou, com
ajuda do meu pai, Luiz Gonzaga, uma imensa biblioteca, formada de coleções,
enciclopédias, dicionários e clássicos da literatura universal. Com a minha
alma de poeta, pergunto: Quantas velas mamãe Nilce acendeu e consumiu, lendo
livros? Milhares, talvez. Penso no seu amor, penso na sua estrela iluminando o
céu. “João, aqui é mamãe!”
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