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MESTRITUDE: GANDHI, JYOTIRAO E MARTIN LUTHER KING

“Mahatma” — composta por “maha” (“grande”) e “Atman” (“alma ou espírito”) — é uma palavra do sânscrito, grupo de línguas indo-áricas, que formam a maioria das línguas indo-europeias da Índia, Paquistão, Bangladesh e outros países vizinhos. Uma grande alma! Seres que, por meio do poder da vontade e da evolução espiritual, atingiram a “mestritude” espiritual. O termo “Mahatma” também é utilizado na Índia como título de honra atribuído a pessoas de alma grande, como o anticolonialista indiano Gandhi (Mohandas Karamchand Gandhi, 1869 - 1948) e o pensador e escritor indiano Jyotirao Phule (Jyotirao Govindrao Phule, 1827 - 1890). Jyotirao — nome recebido em homenagem ao Deus Jyotiba — dedicou-se à erradicação da intocabilidade - segregação de grupos de pessoas - e do sistema de castas e a esforços na educação de mulheres e castas (“cor”, em sânscrito) oprimidas. Gandhi, na sua “mestritude” espiritual e política, anticolonialista e de resistência não violenta, usou, na campanha de independência da Índia, a tática do “Satyagraha” — termo hindi composto pelas palavras “Satya”, que pode ser traduzida como “verdade”, e “agraha” que significa “firmeza”, “constância”. Os princípios básicos da filosofia do “Satyagraha” são: não violência, verdade, honestidade, não roubar, não “posse” de bens materiais, trabalho corporal pelo pão de cada dia, jejum, destemor, igualdade e respeito a todas as religiões, boicote aos produtos e costumes estrangeiros e combate à intocabilidade (segregação). Os Mahatmas Gandhi e Jyotirao — cada um no seu tempo e do seu modo — foram incansáveis na luta contra a intocabilidade de castas e o imperialismo econômico, social e cultural dos colonizadores e senhores do mundo opressor contra os mais pobres e humildes. A filosofia do “Satyagraha” influenciou também o pastor batista e ativista político estadunidense Martin Luther King (1929 - 1968), na campanha que liderou pelos direitos civis nos Estados Unidos da América do Norte. No dia 4 de abril de 1968, quando do assassinato de Martin Luther King, em Memphis, no Tennessee, eu tinha 12 anos de idade. Foi papai Luiz que trouxe a notícia, na manhã do dia 5. Disse-nos: “Eu vejo um pesadelo!”, referindo-se, certamente, ao histórico discurso de King, de 28 de agosto de 1963, em Washington DC, na “Grande Marcha por Emprego e Liberdade” quando, então, profetizou a célebre frase: “Eu tenho um sonho.”. 

João Scortecci