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HORA DE RESPIRAR FUNDO E MANTER A CALMA NO ESPAÇO DO NEOCÓRTEX

Eu e as minhas “amígdalas cerebrais”. Até então, “amígdalas” eram gânglios linfáticos localizados no pescoço, nas axilas e nas virilhas e - é o que eu sabia - são a primeira “linha de defesa” do nosso sistema imunológico. Amígdalas cerebrais? Novidade! Devem existir outras, provavelmente. Tenho fobia por sangue, principalmente dos outros. O que descobri em buscas pelo Google é que são pares e trabalham em equilíbrio e harmonia. Lendo um poeta – quando fui jurado de um concurso literário, isso nos anos 1990 - ele poetava, mais ou menos assim: “Temos de tudo, em dois mundos: pés, mãos, braços, pernas, rins, pulmões... E apenas um ingrato coração bandido!” Um dia - eu prometo – vou escrever sobre o que já vivi como jurado de concursos literários. Perdi as minhas duas amígdalas do pescoço em 1967, depois de uma infecção - terrível - na garganta. A operação, às pressas, aconteceu na Santa Casa de Misericórdia da cidade de São Carlos, interior do estado de São Paulo, durante uma viagem de férias, visitando avós maternos e tios. Fiquei alguns dias tomando sorvete, e é tudo de que me lembro. Um detalhe, pertinente, registrado no meu território de lembranças: um dia depois que me operou, o médico cometeu suicídio. Aqui com o raciocínio do meu neocórtex: a vida é trágica! Lendo sobre “medo”, “instinto de sobrevivência” e “território das emoções”, deparei com a descoberta das tais “amígdalas cerebrais”. Curioso que sou - e um volátil sensível, com fobia por sangue alheio - mudei o foco e passei a buscar na web histórias cabeludas, tragédias e barbaridades, cometidas por médicos, hospitais e laboratórios, mundo afora. A lista é infinita. Depois de inflar o meu sistema imunológico e de castigar - com malfeitos médicos - os meus gânglios linfáticos, provoquei-me, com um questionamento oportuno e linfático, que agora, 54 anos depois, não me sai da cabeça dura. Pergunto a mim mesmo: Teria o Doutor – o que arrancou as minhas duas amígdalas e depois cometeu suicídio - retirado as amígdalas erradas? Trocado as bolas na hora do prelo? Arrancado as duas amígdalas cerebrais, em vez das duas amígdalas do pescoço? Erros acontecem. A distância da possibilidade não é muito grande - não mais do que 12 cm. Ou não? Volátil que sou e dono de um único coração - ou devo duvidar disso também? - vou procurar, desbragadamente, o paradeiro racional das minhas duas amígdalas cerebrais. Acho que as perdi e não sabia. Certeza que sim. Isso - na linguagem dos poetas - explicaria tudo de mim e mais: tudo em mim. E pensar que - até hoje cedo - eu, pobre infante dos versos, nem desconfiava que elas, as amígdalas cerebrais, existiam. Já sinto falta delas, das duas, confesso! Aqui com os meus ossos e valendo-me do instinto de sobrevivência: “morrendo e aprendendo!” Na dúvida, fobia por sangue alheio e chute nos gânglios do saco.

06.11.2021