O poeta, tradutor e jornalista mineiro, Paulo Mendes Campos (1922 – 1991) traduziu Júlio Verne, Oscar Wilde, Jane Austen, William Shakespeare, Charles Dickens, Gustave Flaubert, Pablo Neruda, Emily Dickinson, James Joyce, Jorge Luis Borges, T. S. Eliot, entre outros. Em 1956, para a Editora Civilização Brasileira, traduziu um dos poemas mais influentes do século XX: “The waste land” (“A terra inútil”), de 1922, do poeta e dramaturgo norte-americano T. S. Eliot (Thomas Stearns Eliot, 1888 – 1965). Eliot – Nobel de Literatura de 1948 – foi professor, bancário no Lloyds Banking Group e editor na casa publicadora britânica Faber and Faber, uma das maiores do mundo e conhecida principalmente por ter publicado vários livros de poesia. A editora foi fundada em 1926 e, na sua lista de autores premiados, estão 13 ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura e seis ganhadores do Prêmio Man Booker, um dos mais importantes do Reino Unido. Eliot concluiu o poema “The waste land” na Suíça, na cidade de Lausanne, situada às margens do Lago Léman, a 62 km a nordeste de Genebra, durante um período de isolamento, para tratamento médico e psicológico. Gosto do poema e do que ele representou na minha adolescência. No ano de 1971, em Fortaleza, no Ceará, já me preparando para partir para a cidade de São Paulo, sentei-me à sombra de um imenso pé de eucalipto e chorei. Estava sozinho e triste. De coração partido e sem amigos. Melhor assim, pensei. T. S. Eliot, então, apareceu-me do nada, no vazio e no silêncio da vida. Disse-me: “O rio não carrega papéis de embrulho, garrafas vazias,/lenços de seda, caixas de papelão, pontas de cigarro/ou qualquer outro testemunho das noites de verão. As ninfas se foram./Seus amigos, os ociosos herdeiros dos potentados da cidade,/também se foram, sem deixar endereço./Junto às águas do Léman, sentei-me e chorei.”
João Scortecci