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OSMAN LINS: LISBELA DE TIRAR O FÔLEGO

Conheci a escritora paulistana Julieta de Godoy Ladeira (1927 – 1997) já viúva do escritor pernambucano Osman Lins, na Casa Mário de Andrade, bairro da Barra Funda, em São Paulo, no início dos anos 1990. Quem nos apresentou foi o escritor e publicitário Ricardo Ramos. Julieta chegou com Lygia Fagundes Telles, Fábio Lucas e Anna Maria Martins. Retornavam, creio, de uma reunião na Academia Paulista de Letras. Entrelaçamo-nos num interessante papo literário. Ricardo Ramos era o centro do “carrossel” que resfolegava “causos” engraçados, de tirar o fôlego. Escutá-lo sempre foi hilário. Lygia, que nos escuta, dizia sempre: “Ler Ricardo Ramos é o mesmo que escutá-lo". Algo assim. Verdade. Julieta de Godoy Ladeira estreou na literatura, em 1962, com o livro de contos “Passe as férias em Nassau” que recebeu o Prêmio Jabuti da CBL – Câmara Brasileira do Livro. Segundo Ricardo Ramos, Julieta era uma casca de ferida! “Mas eu gosto dela!”, brincava, sempre. Quanto ao escritor Osman Lins (Osman da Costa Lins, 1924 – 1978), não o conheci. Infelizmente. Andei folheando o seu romance "Avalovara" (Melhoramentos, 1973), obra de engenharia narrativa, construída a partir de um palíndromo, composto por cinco palavras latinas: SATOR, AREPO, TENET, OPERA, ROTAS. Dentro do quadrado, o mistério do enredo de "Avalovara". Não terminei. Desisti no meio. Osman Lins também é autor da incrível e maravilhosa comédia romântica “Lisbela e o Prisioneiro” (1961), adaptada para a televisão (em 1994) e para o cinema (em 2003). Li e reli a obra algumas vezes. Maravilhosa! Mais do que isso, o que conheço do escritor Osman Lins, veio de corações amigos e também admiradores: Ricardo Ramos, Lygia, Anna Maria e Fábio Lucas. Difícil não gostar de  Lisbela, de tirar o fôlego. 

João Scortecci