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APOCATÁSTASE E OS MITOS APOCALÍPTICOS DA DESTRUIÇÃO

Na obra “História Universal da Destruição dos Livros” do escritor, ensaísta, pedagogia, doutor em biblioteconomia e diretor da Biblioteca Nacional da Venezuela Fernando Baez, encontrei, no Prólogo, a seguinte observação: “Em busca de uma teoria sobre a destruição de livros, descobri, por acaso, que são abundantes os mitos que relatam cataclismos cósmicos para explicar a origem ou anunciar o fim do mundo. Observei que todas as civilizações entendem sua origem e seu fim como um mito de destruição, contraposto ao da criação, num modelo cujo eixo é o eterno retorno. A apocatástase - volta a um estado ou condição anterior ou inicial - tem sido um recurso para defender o fim da história e o início da eternidade.” Destruição e criação - parecem ser - além da existência e da própria sobrevivência as duas únicas alternativas do universo humano. Voltando ao “Prólogo” do livro do venezuelano Fernando Baez sobre a sistêmica - roleta - de destruição dos livros: “Alguns porque acreditavam que, eliminando os vestígios do pensamento de uma determinada época, estariam promovendo a superação do conhecimento humano. Outros, mais modestos, lançavam ao fogo suas obras simplesmente por vergonha do que haviam escrito. No entanto, os principais destruidores de livros sempre tiveram como maior motivação o desejo de aniquilar o pensamento livre. Os conquistadores atribuíam à queima da biblioteca do inimigo a consagração de sua vitória.” Fernando Baez é “persona non grata” pelas autoridades dos Estados Unidos, após a publicação de seu livro sobre o Iraque, depois da invasão em 2003, denunciando a ocupação do sítio arqueológico de “Campo Alfa” e a destruição de vários fragmentos de cerâmica - parte registrada em argila - de textos da cultura babilônica.  

João Scortecci