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BANQUETE NA CASA DE ÁGATON

Platão era um sujeito "mutável" e não gostava de “decoreba”. Dizia sempre: O conhecimento deve ser absorvido pela compreensão e não pela mera repetição! E o simpósio? Perguntei. O da casa de Ágaton, para celebrar a sua vitória no concurso de tragédias. Ele foi o campeão! Um banquete? Espero. Posso saber o nome dos convidados? Pode, mas não espalha. Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Sócrates e Alcibíades. Nosso! Pergunta: o que cada intelectual vai defender? Suas tragédias pessoais, claro. Vão delirar sobre: amor, amizade, existência, vida e morte. E Platão? Não vai ao banquete. Já avisou. Foi curto e indelicado, como sempre: não é não! Disse. Platão anda ocupado com suas ideias - fundamentalistas - em abrir a sua própria academia. Brincando de imortal. O Apolodoro - moço bom com as palavras - vai guardar tudo nas nuvens e depois fuxicar - no seu ouvido - detalhes da festa. Já combinaram a tragédia toda. Platão vai fingir escutar tudo - faz sempre assim - e depois escrever o que lhe passar na fronte. Sabia que o seu nome verdadeiro é Arístocles? Não. Platão é apelido! Naquela noite na casa de Ágaton - de lua cheia e sussurros - comeram e beberam em excesso. Dizem que o slam, depois das considerações terminou em um “bacanal” dos infernos. O povo fala muito. Foi o retratista e pintor Anselm Feuerbach que me contou a história toda, de fio a pavio. Dizem ainda - não sei se é verdade - que ele era o único sóbrio no banquete! Uma tragédia. 

João Scortecci