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CLOROQUINA E A BACTÉRIA PLURALIA TANTUM

Coleciono de tudo: selos, botões, maços de cigarro, cachimbos, livros antigos, dicionários, canetas, radinhos de pilha e vocábulos que só existem no plural. Doença grave? Talvez. Já foi ao médico? Não. Trocamos dados - Bytes - pelo zoom! Perguntando: Doeu? Não. Ficou peladão? Quase. Tirei a camisa e mostrei a língua. Sabia que eles gravam tudo e depois viralizam o vídeo na Internet? Teve febre? Não. Oxigenação? 97. Pressão? 7 por 13. Diabético? Não. Bebe? Pouco. Fuma: não. Faz exercício? Sim. Ando de bike. Ótimo! Agora abre a boca perto do webcam e mostra a língua. Isso. Pode fechar. Acende a lanterna do celular e ilumina o ouvido direito. Isso. Agora o outro. Perfeito. Encosta o celular no peito na altura do coração. Marca? Samsung. Modelo S-22. Sistema operacional? Android. Bateria? Fraca, 15% de carga. Esqueci de carregá-lo, perdão. Acontece. Você está com “Pluralia Tantum”. Doença dos vocábulos, popularmente chamado de “Mania de plural”. Uma virose, Doutor? Não. Uma bactéria vernacular, resistente, que ataca os nervos da razão. Tem cura? Talvez. Vou receitar cloroquina de 12 em 12 horas, durante cinco dias. Vai resolver? Depende. Evite usar na sua poética as palavras: óculos, férias, parabéns, condolências, algemas, costas, fezes, núpcias, nádegas, olheiras, cócegas, hemorroidas, arredores, finanças, trevas, pêsames e picles. Picles? Sim. Pote ou lata? Tanto faz. Posso fazer “merdas”? Pode. Vai devagar, não faz força, cuidado com a hemorroidas. Minhas condolências! 

João Scortecci