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PAPEL DE PÃO DOBRADO DE DOBRAS

Papel dobrado, cheio de dobras. Papel de pão. Cheiro de pão quente, adormecido no lugar. O traço foi um risco do lápis. Mãos velozes? Não. Mãos trêmulas de bandeirolas. De Infância ou de velhice? Difícil saber. Isso importa? Talvez. E o que tinha de palavras no bilhete do pão? Versos partidos, migalhas. Na verdade dobra de palavras repetidas. Muitas? O suficiente para o completar um verso. Então redobra de volta e guardo o papel no bolso do pensamento. E vê se não esquece perdido na cabeça. Qual a razão? Nenhuma. Precisa? Não. E o cheiro quente do lugar: o que faço dele? Respira. Calor de palavras e pão. E o povo da casa? Dorme, ainda. Cada um do seu jeito. Apressados vencerão! O que faço com as sobras? Varre do chão e joga tudo embaixo do tapete. Sobrou - junto - um toco do lápis. Ainda escreve? Sim. O suficiente. Ele vai e volta no papel. Conheço os poetas. Adormecidos no pão: dobram-se!

João Scortecci