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Levou uma “voadora” do Ted Boy Marino

Minha mãe Nilce nasceu no dia 21 de junho de 1927. Faleceu em 2003. Um dia triste. O seu aniversário de 43 anos - ainda morávamos em Fortaleza, no Ceará - coincidiu com a final da copa do mundo de futebol de 1970, no México, quando o time brasileiro sagrou-se tricampeão do mundo.  A primeira transmitida ao vivo e a cores. Assistimos aos jogos em casa, na novíssima TV SHARP, de 20 polegadas, encerrando - definitivamente - o reinado da TV GE, preto e branco. Pai, o que é isso?  Chama-se seletor de canais. Você gira - delicadamente - para a direita ou para a esquerda e muda o canal. Posso mudar? Não. Por quê? Você tem muita força nas mãos. Vai acabar arrancando o seletor fora. E fique sabendo - disse - não existem outros canais de TV no ar. Seletor inútil? Ainda. Em breve teremos novos canais. Vai ser uma maravilha. Vai demorar muito? Perguntei. Talvez. Então vou arrancá-lo. Está maluco menino? TV novinha em folha. Custou uma nota preta. Comprei para assistirmos os jogos da copa. E depois: o que vamos fazer com a TV? Assistir filmes, novelas, seriados: O Fugitivo, Jeannie é um Gênio, Família Trapo, O Túnel do tempo, Rin-Tin-Tin, A Feiticeira, Papai sabe tudo, Viagem ao fundo do mar, Bonanza, Tarzan, Bat Masterson, Perdidos no espaço, Zorro e Teleket Montila - ver o Ted Boy Marino surrar o Verdugo, depois de apanhar que nem um condenado. Imperdível. Quem “arrancou” o botão do seletor de canais da TV? Foi você? Não. Foi o Verdugo. Quem? O Verdugo. Levou uma “voadora” do Ted Boy Marino. E o botão? Joguei fora. Fiquei de castigo uma semana até devolver de volta o seletor de canais. O danado - depois do golpe - foi parar longe, atrás da jardineira. Minha infância foi uma realidade de fantasias.