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ZENÃO É UM ESTÓICO: UM CONTROLADOR DE EMOÇÕES

Zenão é um estóico! Um sequestrador emocional de almas. Aproximou-se de mim e cuspiu no meu sapato. Cuspiu e encarou-me - querendo puxar - briga de galo. Zenão, o que você quer de mim? Perguntei. Quero os seus olhos! Disse. Posso saber a razão. Insisti. Estou trabalhando numa experiência estoica. Sei. Isso justifica cuspir no meu sapato? Sou um estoico. Disse-me. Funciona assim: eu provoco você, insulto e ataco o seu ego. E o que eu faço? Nada. Controla as emoções. Quem inventou isso? Perguntei. Eu, o Sêneca - o jovem - e o safado do Epícteto. Juntos, formamos uma tríade filosófica! Sei. E o cuspe no meu sapato? Quem limpa? Insisti. Que cuspe? Não estou vendo nada! Lembre-se: os seus olhos são meus! Zenão, você é um merda! Calma! O troço é complexo e merece reflexão estóica. Eu explico. Eu cuspo no seu sapato e você limpa. Entendeu? Não. O importante é você absorver o insulto, controlar a sua raiva. Sei. Diga-me uma coisa: você operou as amígdalas? Operei. Então é isso! Você não serve para o meu experimento. Preciso “sequestrar” um ego rebelde, estúpido e que tenha amígdalas. Sei. Então eu não sirvo? Não. Conhece alguém? Talvez. O que você pretende fazer? Colocá-lo em perigo e neutralizar o seu comportamento racional. Entendeu? Acho que sim. Eu tenho saco roxo. Serve? Não. Já disse. Eu explico: na hora do cuspe - do insulto emocional - você deveria ter reagido, liberado energia, raiva cósmica e ódio. Muito ódio. É o que você esperava de mim? Era. Perdão. Falha de ego interrompido, algo assim. Deve ser falta das amígdalas. Você deveria ter me dado um soco, tirado sangue. Confesso que o cuspe apenas mexeu com a minha curiosidade. Perdão. Já perdoei. Deve ser porque não tenho amígdalas. E o que faço agora? Perguntei. Espera. Vou ligar para o Sêneca. Segura ai o ego debilitado. Que merda! O que aconteceu? O celular do Sêneca está desligado. Quer um conselho liberatório? Diga. Fica em casa e limpa o sapato. Que nojo. 

João Scortecci