Pesquisar

DAS AUDIÇÕES DE OFÍCIO E A COVID 19

Das audições de ofício. Do equilíbrio dos labirintos. Eu e os meus “desalinhados” órgãos vestibulococleares. Erro de fabricação? Talvez. Confesso: na infância eram compatíveis - de uso e costumes -, proporcionais - dentro do limite - e bem modeladas. Nada de argolas, brincos e muxibas! Com as danações de menino - que foram muitas - e de tanto minha mãe Nilce puxá-las - perderam forma, prumo, beleza e equilíbrio auricular. Coisas do trapézio! Com a idiotice do tempo minhas orelhas saíram dos padrões de moda. Pequenos defeitos - graciosos - ganharam abano de circo voador. Na lista das delicadezas incluo também o meu nariz ítalo-cearense e os meus pés de sapão, com dedos ruins, descolados e tortos. Pergunta: feios de doer? Não. Doem de feio. Não tenho fotos do princípio e prova o contrário. Nós miúdos éramos brutos, estabanados, descalços e selvagens. Livres! Enfim, sobrevivemos. Lendo um post nas redes sociais encontrei a seguinte nota de protesto: terrível encarar, no âmago do espelho, nossos órgãos vestibulococleares. Isso depois de usadas e abusadas feito ganchos, pregos de porta e cabides de arame. Deprimente. Culpados? As máscaras! Elas estão dilacerando nossas orelhas. Elas estão assadas, feridas e doloridas. Estão no carvão. Em carne viva! E mais: uso óculos! Duplo desgaste laboral. Embaça. E não adianta cuspir na lente. Contamina tudo. E aquelas perninhas tortas (hastes)? São do capeta. Ficam roçando no melhor da carne. Ninguém merece. Sabia que tem marqueteiro explorando a coceira alheia? Estão na Sé e também no Braz distribuindo máscaras com frases de efeito. Modismo bocal. Frases marqueteiras? Sim. Estou anotando todas. Talvez até publique um livro de "aloegos". Tipo desses com frases de caminhão. Sei. E a obra já tem nome? Tem. Vai se chamar: Mascarados do Corona na Boca do Povo! Gostou? Uma merda. Escolhe outro. Vou pensar. Faça isso, então. Agora me mostra o material do livro. Não vai copiar! Eu prometo (autor é tudo igual). Então tá. Espia e depois apaga da cabeça. Tudo frases da boca do povo: Sou Eu Mesmo; Tô de Saco Cheio; Lavou está Nova; Fique em Casa; Fora Bolsonaro; Deus é Pai; Lula Livre; STF PQP; Elvis não Morreu; Não me Siga; Boca em Álcool em Gel; Sorria: você já Era; Lave as Mãos; Estou Desempregado; Ex-Tudo; Língua em Quarentena... Gostou? Tudo novidade de sempre! 

João Scortecci