Das capacidades. Fazer fogo - contê-lo - acomodar e guardá-lo, ainda selvagem. Das tentativas da natureza. Tem sido assim por milhões e milhões de anos. Há quem diga tratar-se do cuspe de um deus indomável. Um dragão? Talvez. Dragão de asas de vento. Das aplicações de rápida oxidação devorando corpos. É o fogo que nos devora. É o devorar que nos alimenta de pecados. Somos os predadores? Assim é a ganância. Dizer que é “nossa” é o mesmo que não ter natureza. Estamos ardendo. Não do corte no pé ou da unha encravada de dor. Estamos ardendo por dentro. Fogo fátuo da redoma que nos ocupa e habita. Somos o Ele indomável. Somos o maior pecado de nós mesmos. Somos o fogo que nos arde no movimento do fim. Contê-lo? Impossível.
João Scortecci