São Paulo do dia 7 de setembro amanheceu um vazio de carros e pessoas. A lua vermelha do céu se foi com o agosto da secura e o grito de cachorros loucos. É pátrio. Gosto e não gosto do agito. Alimento-me, então, com pão de padaria, ovos mexidos e um pingado paulistano. Parei nos faróis de sempre: aqueles de todos os dias. Foram lentos - demorados - além da minha conta. Minhas máquinas de pintar papel me chamam repetidas vezes: capas, contracapas, orelhas, lombadas, cores, nomes, títulos e subtítulos. Existe uma dobradura que me acalma o coração: a flor de um poema. Meu espírito ancestral, escondido nas lembranças da alma. No equilíbrio do silêncio: eu respiro! Existem múltiplos caminhos dentro da teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner. Escolho, então, cinco delas: linguística, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal e existencialista. Falo com o coração, navego nas estrelas, descanso os dedos dos pés, respiro cheiros e existo. Cada uma delas representa um conjunto distinto de habilidades e aptidões, evidenciando que a inteligência é multifacetada e não pode ser medida por um único fator. Inteligência ancestral, que pertence aos antepassados: antigo e remoto. Presentes no móvel da sala, nos porta-retratos e no tempo. Minha face, meus olhos, meus dedos, minhas pernas, meu conformo angular, no silêncio voraz do jardim do ipê-amarelo.
João Scortecci
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