Comer presunto - pela primeira vez na vida - e andar de bonde de graça! Foi o que aconteceu durante quatro dias na cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Isso em 23 de novembro de 1935, quando, oficialmente, o estado foi popularmente “comunista”. Após um levante militar a capital potiguar caiu nas mãos de rebeldes que assumiram o poder com apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB), liderados pelo militar e político Luís Carlos Prestes (1898 - 1990), que - é o que dizem - foi pego de surpresa. Teria dito: “Ainda não é hora!”. Sob o lema "pão, terra e liberdade", os revolucionários almejavam dar o pontapé inicial para a instalação de um regime soviético no Brasil. Lendo sobre “os estratégicos” do levante: Tomar a central elétrica, a estação ferroviária e as centrais telefônica e telegráfica. Depois: Destituir o governador, dissolver a Assembleia Legislativa, criar uma nova bandeira com a estrela, a foice e o martelo, saquear os cofres da agência do Banco do Brasil, distribuir parte do dinheiro para “amolecer a barriga” do povo, distribuir bebida e presunto fresco e extinguir as tarifas do transporte público. E assim foi feito. O povo - desavisado de tudo - adorou as novidades e o levante - já no primeiro dia - virou uma tremenda farra potiguar: dinheiro, bebida, presunto fresco e transporte de graça! No quarto dia, numa quarta-feira, a vida voltou ao normal com a prisão do presidente do Comitê Popular Revolucionário, o militar do 21º Batalhão de Caçadores e músico, Quintino Clementino de Barros, pelas forças leais ao governo. Fim da farra! Dizem: "Faltou combinar com os Russos!" Frase atribuída ao jogador de futebol Mané Garrincha, na Copa de 1958. Diz a lenda que o técnico da seleção brasileira, Vicente Feola (1909 - 1975), havia bolado um esquema infalível para vencer a seleção Soviética, considerada, na época, invencível. Algo assim: Nilton Santos - lateral esquerdo - lançaria a bola para Garrincha, que driblaria três russos e cruzaria a bola para trás, pelo alto, na cabeça do Vavá, marcar o gol. Garrincha - depois de escutar Feola - que vez ou outra dormia no banco de reservas - teria perguntado ao técnico: “Tá legal, seu Feola, mas o senhor combinou com os russos?”. Um detalhe: A seleção Brasileira, naquele jogo da Copa de 1958, vencer a seleção Soviética pelo placar de 2 x 0, com dois gols de Vavá e Mané Garrincha, arrebentou no jogo: driblou três russos e cruzou a bola na cabeça do Vavá. Provavelmente - tudo muito bem combinado - com os Russos.
João Scortecci