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ANTÔNIO CONSELHEIRO E A “FRENOLOGIA” DAS DIFERENÇAS

O líder religioso, Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel, 1830 - 1897), nasceu em Nova Vila de Campo Maior, município de Quixeramobim, no estado do Ceará. Figura carismática. Tornou-se messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de camponeses, índios e escravos libertos e foi destruído pelo Exército da República, na Guerra de Canudos (1896 a 1987). Depois de morto, Antônio Conselheiro teve a cabeça cortada e enviada para a Faculdade de Medicina de Salvador - situada no Terreiro de Jesus, na capital do estado da Bahia - para ser examinada pelo Dr. Nina Rodrigues (Raimundo Nina Rodrigues, 1862 - 1906), médico legista, psiquiatra e antropólogo, que introduziu, no País, a frenologia. Para essa pseudociência, a forma e as protuberâncias do crânio são indicativas das faculdades e aptidões mentais de uma pessoa. E "a loucura, a demência e o fanatismo" deveriam estar estampados nos traços do rosto e crânio de Antônio Conselheiro. Nina Rodrigues é também considerado o fundador da antropologia criminal brasileira e pioneiro nos estudos sobre a cultura negra no país. É autor do livro “Os Africanos no Brasil (1890 - 1905)”, obra considerada racista, nacionalista e cientificista. Em 3 de março de 1905, um incêndio na Faculdade de Medicina de Salvador destruiu a cabeça do líder religioso Antônio Conselheiro. Durante oito anos de pesquisas e estudos - até a data do incêndio - nada de conclusivo se chegou a respeito do crânio avantajados do cearense Antônio Conselheiro. Nós, irmãos da terra, filhos de Iracema, da cabeça grande e chata, desde então carregamos no espírito “a loucura, a demência e o fanatismo” da marca frenológica de Canudos. No dia 14 de maio de 2019, por meio da Lei 13.829, o fanático, revolucionário e monarquista, Antônio Conselheiro, foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país, abrigado no Panteão da Pátria Panteão e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

João Scortecci