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O GOLPE DO LIVRO E AS MAZELAS DO MARKETPLACE

A Scortecci Editora edita, imprime e comercializa livros desde 1982. Os livros são comercializados por meio de três lojas virtuais próprias, de duas distribuidoras, algumas redes de livrarias parceiras e também por meio do sistema conhecido no mercado como “marketplace”, plataforma de vendas on-line que reúne vários lojistas. O marketplace, que funciona como um tipo de shopping virtual, é um modelo em crescimento no mundo todo e veio para ficar, até segunda ordem. No Brasil, vem apresentando problemas recorrentes de credibilidade, golpes e falências. Problemas passageiros? Talvez. O golpe do livro com preço abusivo virou uma praga e anda fazendo estragos, prejudicando editoras e autores que vendem seus livros por meio dessa plataforma on-line. O golpe começa assim: no dia seguinte, às vezes até no mesmo dia, questão de horas, depois que um livro é lançado no mercado, com preço de capa sugerido – exemplo: R$ 50,00 –, aparecem outros "fornecedores" vendendo o mesmo livro pelo preço abusivo de R$ 150,00. Diariamente recebemos reclamações de autores – indignados – comunicando o erro e pedindo correção. Nada ou quase nada podemos fazer, além de colocar a boca no trombone. No nosso caso, assim que o livro entra em comercialização, enviamos para nossos autores – atualmente mais de 11 mil – os links corretos: das nossas lojas, das lojas do marketplace, das redes de livrarias parcerias e, ainda, o nome das duas distribuidoras com que trabalhamos. No corpo da mensagem, segue nota explicativa e de alerta sobre o “golpe do livro” que assola o mercado. Esse golpe – existem variáveis – funciona assim: o cliente entra na plataforma, localiza o livro – quase sempre bem visível nos resultados de busca – e, mesmo estranhado o preço abusivo, acaba comprando. O golpista, que não é livreiro, compra então a obra diretamente na editora ou na distribuidora, com desconto de livreiro: de 30 até 45% de desconto sobre o preço de capa. O lucro do salafrário, no exemplo dado, é, portanto, de R$ 127,50 por exemplar. O golpe do livro é também uma das razões – existem outras – de apoiar, acreditar e apostar na Lei do Preço Único (batizada de Lei Cortez, PLS 49/2015), cujo objetivo maior é promover a diversidade de livros, fortalecer livrarias independentes e garantir a concorrência mais justa no mercado editorial. Até lá, enquanto ela não “chega”, o jeito é denunciar o golpe, espernear, gritar, alertar autores e consumidores de livros. A título de curiosidade, segundo o DataSenado, nos últimos 12 meses, golpes digitais vitimaram 24% dos brasileiros com mais de 16 anos. São mais de 40,85 milhões de pessoas que perderam dinheiro em função de algum tipo de crime cibernético. Das mazelas: as piores!

João Scortecci