O poeta e acadêmico Antônio Gonçalves Dias (1823 - 1864), autor do poema “Canção do exílio”, morreu aos 41 anos de idade, em um naufrágio do navio Ville Bologna, na baía de Cumã, município de Guimarães, no estado do Maranhão. Gonçalves Dias foi um ávido pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro. Formou-se em Direito (Coimbra, Portugal), retornando ao Brasil em 1845, após bacharelar-se. No exílio escreveu o imortal poema “Canção do Exílio”: “Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar – sozinho – à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras; Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho – à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que eu desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.” O verso mais bonito - no meu entendimento - de "Canção do Exílio" é desconhecido da grande maioria: “Em cismar - sozinho - à noite”. Ficar absorto em pensamentos – na solitude, no isolamento voluntário - e ser devorado pelo canto do sabiá. Hoje, 10 de agosto, aniversário de nascimento do poeta. Sua canção do exílio, vez por outra, habita, insistentemente, no meu “cismar”. E, no coração da noite, naufraga em Cumã, no exilo do poeta de mim mesmo.
João Scortecci
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