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1989: QUIRINO CARNEIRO RENNÓ, JOÃO DO PULO E O GUIA DE ARBITRAGEM DE ATLETISMO

Conheci o coronel Quirino Carneiro Rennó no ano de 1976, quando soldado 1.148, da CCS-PT, do 2º Batalhão de Guardas, Parque Pedro II, na cidade de São Paulo. Rennó era, na época, o subcomandante do batalhão. Além de militar, trabalhava com arbitragem na Federação Paulista de Atletismo. Foi o “descobridor” do atleta recordista mundial do salto triplo, João do Pulo (João Carlos de Oliveira, 1954 – 1999). Foi Rennó, no ano de 1972, quem o levou para o 2º Batalhão de Guardas, como soldado, depois, cabo, acreditando estar diante de um futuro campeão. Na capital, João do Pulo treinou no São Paulo Futebol Clube e depois foi para o Clube Pinheiros, onde encontrou o treinador Pedrão (Pedro Henrique de Toledo) que o transformou num atleta competitivo e vencedor. Em 5 de outubro de 1975, aos 21 anos de idade, nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, deu o salto triplo que o consagrou, batendo o recorde mundial da categoria: pulou 17,89 m. O recorde de João do Pulo só viria a ser superado 10 anos depois, pelo americano Willie Banks, com a marca de 17,97 m. Em 1982, aos 27 anos de idade, João do Pulo – apelido dado pelo atleta Benedito Rosa Preta –, sofreu um terrível acidente de carro na Rodovia Anhanguera, onde acabou, infelizmente, tendo sua perna direita amputada. Impossibilitado de competir, candidatou-se a deputado estadual por São Paulo, tendo sido eleito, em 1986, e reeleito, em 1990. Desistiu de ser político e foi ser empresário, sem sucesso. Tentou, ainda, voltar para a política, em 1998, mas não conseguiu. João do Pulo morreu no ano seguinte, no dia 29 de maio de 1999, um dia depois de completar 45 anos de idade. Em 1989, já editor de livros, no endereço da Rua Teodoro Sampaio, 1.704, loja 13, recebi – inesperadamente – a visita surpresa do Coronel Quirino Carneiro Rennó. “É você, soldado?” Trocamos continências e – durante uma tarde inteira – papo sobre o João do Pulo, o acidente de carro, o 2º Batalhão de Guardas e, por fim, a publicação do “Guia de Arbitragem de Atletismo” (Q. C. Rennó, 1989, 112 páginas). Hoje – procurando um livro de outro autor, também do ano de 1989 –, encontrei um exemplar do “Guia”. Sentei-me no tempo e lá fiquei, perdido no ano de 1976, o ano que não terminou.

João Scortecci