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O PESCOÇO E O MARKETING CORPORAL

No pescoço pendura-se de tudo! Colar, chave, crachá, óculos, sino, placa, estetoscópio, caneta, bolsinha medicinal, cachecol, gargantilha, terço, isqueiro, aviso, medalha, apito, celular, melancia e escapulário. Lista incompleta, com certeza. Lendo sobre marketing corporal o item “pescoço” está no topo da pirâmide, perde, apenas, para as mãos e os pés. Tudo que você “pendura” no pescoço aparece e é visto! Na infância era comum escutar a máxima: “Pescoço só serve para segurar a cabeça e passar a corda da forca”. Prática em desuso. Creio. O último, que eu saiba, a usá-la, foi Saddam Hussein. Ficou - na lembrança, apenas - o “jogo da forca” jogado e rabiscado nos cadernos da escola. Quem perdesse pagava no intervalo o picolé de uva. Uso o pescoço para pendurar os óculos, canetas e crachás. Guardo, depois, os cordões dos crachás: sempre úteis! Tenho uma gaveta “abarrotada” deles. A expressão “pendurar uma melancia no pescoço” é antiga. Denota uma pessoa que gosta de aparecer. Um exibido! Dizem: “fulano parece que pendurou uma melancia no pescoço”. E por fim, pescoço com escapulário, do latim scapula, armadura, símbolo que representa fé e proteção. Consiste em um cordão, com duas peças – tecido, metal, madeira, pedra preciosa - penduradas no peito e nas costas. Escapulário – amuleto - serve de proteção contra o mal. Não se compra um escapulário para uso pessoal. Precisa ser presente. Tenho o meu guardado. Nunca o pendurei no pescoço. Não pode ser retirado do pescoço, ao menos que ele se rompa, naturalmente. Isso, talvez, explique nunca tê-lo colocado de vez no pescoço. Um dia, talvez. Foi presente. Junto com o escapulário de Nossa Senhora do Carmo veio uma imagem de São Jorge, soldado romano do exército do imperador Diocleciano, mártir cristão, que protege, desde 1986, a Gráfica Scortecci. Quando um funcionário novo entra na gráfica faço questão de apresentá-lo: “São Jorge está de olho você! Funciona. Isso tudo para dizer que hoje acordei com dor no pescoço. Mau jeito? Talvez. No receituário dos pecados mortais: Invídia. Na dúvida: Mãe, adornai a minha alma de poeta.

João Scortecci