Zé Galalau morava na espelunca do fiofó. Uma pocilga escangalhada de ruim no pé da bufa. Era um tribufu de roer cordas. Um pindaíba azedo. O que ganhava do serviço de araponga - espiando a vida alheia – gastava gozando na birosca chumbrega do capiroto da casa da Luz Vermelha. Lá tomava birinaites e brincava de viúva feliz. Bebia a gororoba chumbrega no rebuceteio da noite. Um boêmio! Todo santo dia a sua Pereba – moça de boa família, reza e vela de deus - aparecia no breu e o levava embora puxado pelas orelhas. Zé Galalau dirigia uma geringonça de rodas de ferro, com motor rebimbocado. Do tempo da onça! A máquina não tinha freios e morria de faniquito na rampa. Descia no embalo da sorte e subia gemendo. Pereba sempre o alertava: Zé Galalau o seu motor está com urucubaca. Uma hora vai dar prego. E a desgraça - num dia de chuva fina - veio. Zé Galalau de rastaquera com um rabo de saia da casa da Luz Vermelha acabou tombando na buzanfa da curva. Bateu a cabeça e morreu aos pedaços. Dizem que na esfolada perdeu o mequetrefe do bilau. Foi cova rasa no kalunga xexelento do morro das raparigas. Padre Zizinho que encomendou a alma. De verdade ficou o cordel com sua história escrita pelo moço do repente filho mais velho de Pereba. Cordel de fôlego e trabuco impresso em papel jornal. Li e reli a saga mil vezes. Depois tratei de semear mundo afora. Vez por outra – nas feiras do povo desconfiado – encontro um exemplar vadiando solto no rebusteio da vida.
João Scortecci
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