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TROCANDO EM MIÚDOS: O NERUDA QUE LI

Trocando em Miúdos: foi o compositor Chico Buarque quem primeiro me falou do poeta Neruda: “Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu”. Isso nos anos 1980. O poeta, diplomata e político Pablo Neruda (Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, 1904 – 1973), nasceu em Parral, comuna da província de Linares, Região de Maule, no Chile. Ocupou posições diplomáticas e exerceu um mandato como Senador pelo Partido Comunista do Chile. Em 1948 com o banimento do comunismo no país e com ordem de captura contra si, fugiu e exilou-se na Argentina, retornando somente no ano de 1971, já laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, no governo socialista do presidente Salvador Allende (Salvador Guillermo Allende Gossens, 1908 – 1973). Em 11 de setembro de 1973, Allende, foi cercado e deposto pelo General Augusto Pinochet, por meio de um golpe militar, com apoio do governo norte-americano. Salvador Allende ainda tentou resistir, mas sem sucesso. Acabou “encurralado” pelas tropas do Exército e veio a cometer suicídio no Palácio de La Moneda, sede do governo Chileno. Pablo Neruda morreu 12 dias após o golpe, aos 69 anos de idade, possivelmente envenenado, por ordem do ditador General Augusto Pinochet, quando o poeta foi hospitalizado para tratamento de um câncer da próstata, no dia 23 de setembro de 1973. Neruda é o poeta das paixões e dos apaixonados. Dos filhos do amor! Escreveu, entre muitos outros: Vinte poemas de amor e uma canção desesperada. Escreveu também sobre a arte de fazer literatura: “É descrever o que se sente verdadeiramente, a cada instante da existência. Não acredito num sistema poético, numa organização poética. Irei mais longe: não creio nas escolas, nem no Simbolismo, nem no Realismo, nem no Surrealismo. Sou absolutamente desligado dos rótulos que se colocam nos produtos. Gosto dos produtos, não dos rótulos”. Confesso que vivi – Memórias (1978), foi o primeiro Neruda que li. Nunca o devolvi. Durante a ditadura de Pinochet publiquei pelo selo da Scortecci, vários livros de autores chilenos, na época, exilados no Brasil.

João Scortecci