Hoje – 1º. de agosto de 2023 – recebi de um gráfico editor de livros uma matéria publicada na Folha de S. Paulo, de 31 de julho de 2023, às 19h30, com a seguinte manchete: “SP abre mão de verba para material didático e usará só livro digital a partir do 5º. ano”. Onde se lê “digital”, deveria, pasmem, ler-se: “eletrônico”. Isso, agora, pouco importa. Tenho a mania – fazer o quê – de procurar saber o que anda acontecendo em outros países – ditos civilizados – sobre assuntos, como cultura, biblioteca, livro, leitura, literatura, educação e ensino. Não, necessariamente, nessa ordem. Isso agora também não importa. O que eu tenho lido – e visto, mundo afora, como nos Estados Unidos da América, Suécia e França – é que o livro impresso está gradativamente voltando, não só na preferência e no hábito da leitura, mas também na educação e no ensino, nas escolas e nas universidades. A lista de vantagens e benefícios do livro impresso é grande. Isso também agora não cabe enumerar. Até a Unesco divulgou relatório sugerindo – ou recomendando – que os governos proíbam o uso excessivo de computadores, tablets, aplicativos e plataformas tecnológicas nas escolas. De acordo com pesquisas científicas, o uso excessivo dessas ferramentas digitais em sala de aula faz ir por água abaixo o desempenho em aprendizagem, afetando inclusive a estabilidade emocional dos estudantes. Agora, a tragédia: a gestão do governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, abriu mão de participar do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), no qual os livros didáticos são comprados com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do MEC. Além disso, decidiu que, a partir de 2024, a rede de educação paulista terá apenas conteúdo didático digital, não mais o livro impresso, a partir do 6º. ano do fundamental. Mais tragédia! Pouca desgraça é pouco. Informa, ainda, que fará o mesmo com o ensino médio. Segundo a Folha de S. Paulo, a informação foi confirmada diretamente com a Secretaria de Educação do Estado, comandada por Renato Feder. E pasmem, diz, ainda, que utilizará apenas conteúdo produzido pelo próprio governo paulista, para manter “a coerência pedagógica.” Não cabe, aqui e agora, também discutir o que vem a ser coerência, principalmente na educação e no exercício do conhecimento. Outro dia – não faz muito tempo –, andei lendo sobre a grandeza de reconhecermos os nossos erros, que erramos, acontece, faz parte, e podemos – por que não? – sempre, voltar atrás, corrigir o rumo dos desafios, do esforço que é governar, administrar e racionalizar princípios, pelo bem comum. Governador, hora de ser grande. Maior ainda! Hora de repensar. Prioridade que urge: ação de necessidade urgente.
João Scortecci
Escritor, Editor, Gráfico e Livreiro.